
SÍMBOLO:
Um volante preto com olhos vermelhos entrelaçados nos raios — como se o próprio carro observasse o ageiro.
Você já se perguntou o que realmente dirige um carro quando o motorista finge sorrir demais? Há aplicativos que nos conectam a estranhos... mas e se alguns desses estranhos nem forem mais vivos? Essa corrida foi a última de muita gente. Será que você sairia vivo?
HISTÓRIA:
> 23h44 — Bairro do Luar, Zona Norte.
A chuva não dava trégua. Entre os pingos e o cansaço, Júlia pediu um carro pelo aplicativo.
Modelo: sedan preto.
Motorista: Elias.
Avaliação: 5 estrelas.
Mensagem automática: "Chegando em 2 minutos. Prepare-se para a corrida."
Mas havia algo estranho...
O carro apareceu sem fazer barulho algum. Nem o som do motor, nem faróis acesos. Só as gotas batendo no teto metálico. Júlia hesitou. Mas entrou.
— Boa noite... — disse ela, tentando ser educada.
O motorista apenas assentiu com um sorriso fixo no retrovisor. Olhos fundos. Mãos pálidas demais. Camisa impecável — antiga, talvez? Tecido meio amarelado, como algo esquecido num armário.
A corrida começou, mas o trajeto estava errado.
— Senhor, essa não é a rota... — ela alertou.
Ele respondeu apenas:
— O aplicativo sabe o caminho certo... para onde você realmente precisa ir.
O celular de Júlia travou. A tela tremia. A localização sumiu. E de repente, tudo ao redor parecia... parado no tempo. Ruas vazias. Sem postes. Nenhum sinal de vida. Só o carro.
O rádio ligou sozinho.
Uma voz rouca repetia:
"ageira confirmada. Rota para o Abismo em andamento."
Ela tentou abrir a porta. Trancada. A janela? Lacrada. O banco parecia mais apertado, como se o carro a estivesse prendendo.
E então viu no porta-luvas um monte de celulares... quebrados, antigos, todos marcados com a mesma corrida: 23h44 - Corrida para o Abismo.
No espelho retrovisor, Elias sorria... mas já não tinha olhos.
Dizem que se você pedir um carro às 23h44 e ele chegar sem faróis... não entre. Não importa se estiver chovendo. Ou se estiver sozinho. Ou cansado.
Porque algumas corridas não te levam pra casa.
Te levam pra onde você nunca mais poderá sair.
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