![O Gato da Meia-Noite-[C]
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Dizem que gatos pretos trazem má sorte. Eu nunca acreditei nisso, até encontrar ele](https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fpm1.aminoapps.vertvonline.info%2F9394%2F8aa97e87a9baf30d260c407bf9d5d767a018899dr1-720-960_hq.jpg)
Dizem que gatos pretos trazem má sorte. Eu nunca acreditei nisso, até encontrar ele. Era uma noite sem lua, o tipo de escuridão que engole tudo, exceto o brilho de dois olhos dourados que pareciam queimar na penumbra.
Eu estava voltando para casa, cortando caminho por um beco estreito. O ar estava pesado, cheirando a chuva e algo... metálico. Foi então que o vi: um gato preto, sentado no topo de um latão de lixo, me encarando. Seus olhos não piscavam, e havia algo neles, como se soubesse algo que eu não sabia. Ignorei o arrepio na espinha e continuei andando. Mas o gato pulou do latão e começou a me seguir.
Seus os eram silenciosos, mas eu podia sentir sua presença. Olhei para trás, e lá estava ele, a poucos metros, os olhos fixos em mim. "Vai embora, bicho", murmurei, mas minha voz saiu trêmula. Ele não se mexeu. Apenas inclinou a cabeça, como se estivesse... ouvindo algo.
Cheguei em casa, tranquei a porta e tentei esquecer. Mas naquela noite, o sono não veio. Cada rangido da casa parecia um aviso. Por volta da meia-noite, ouvi um arranhar na porta. Lento, deliberado, como unhas raspando madeira. Meu coração disparou. Levantei-me e espiei pela janela. O gato estava lá, na varanda, olhando diretamente para mim através do vidro. Mas agora... ele parecia maior. Seus olhos brilhavam com uma luz que não era natural, e sua sombra, projetada no chão, tinha a forma de algo que não era um gato.
Abri a cortina para ver melhor, mas ele sumiu. Aliviado, voltei para a cama. Foi então que senti. Um peso na beira do colchão. O ar ficou gelado, e um ronronar baixo e gutural encheu o quarto. Virei-me lentamente, rezando para estar sonhando. O gato estava lá, sentado no meu peito, me encarando. Mas não era só um gato. Sua boca se abriu, e uma voz que não era animal, mas também não era humana, sussurrou: "Você me viu. Agora, eu te vejo."
Acordei gritando, o quarto vazio. Nenhum gato. Nenhuma marca. Mas, desde aquela noite, ele está sempre lá. No canto do olho, na sombra do corredor, no reflexo do espelho. E toda meia-noite, ouço o arranhar na porta. Ele não vai embora. Ele está esperando. E eu sei... ele não é apenas um gato.
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