O Mistério do Relógio de Ébano

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Em uma vila encravada entre montanhas envoltas em névoa, chamada Valfenda, havia uma lenda sussurrada nas tavernas e nas fogueiras: o Relógio de Ébano, um artefato mágico guardado na torre mais alta do Castelo de Lúmina, tinha o poder de dobrar o tempo. Diziam que ele podia mostrar o ado, alterar o presente ou até vislumbrar futuros incertos. Mas ninguém o via há séculos, e a torre, agora em ruínas, era evitada por todos — exceto por Lira, uma jovem cartógrafa com olhos curiosos e um mapa que ninguém mais entendia.

Lira não acreditava em lendas, mas acreditava em segredos. Quando encontrou um pergaminho antigo em uma feira itinerante, com símbolos que pareciam pulsar com uma luz tênue, sua curiosidade a levou ao castelo. O pergaminho indicava um caminho secreto até a torre, mas também continha um aviso: “Aquele que tocar o Relógio de Ébano pagará um preço eterno.”

Na calada da noite, com apenas uma lanterna e seu mapa, Lira escalou as muralhas cobertas de musgo do Castelo de Lúmina. O ar estava carregado de um frio que parecia vivo, sussurrando palavras que ela não entendia. Ao encontrar a entrada secreta — uma porta oculta atrás de uma tapeçaria desbotada —, ela desceu por uma escadaria espiral que parecia descer para o coração da terra.

No topo da torre, Lira encontrou o Relógio de Ébano. Não era como imaginava: um monstro de madeira negra, com engrenagens que brilhavam como olhos de estrelas e ponteiros que se moviam em direções impossíveis. Ao se aproximar, o relógio emitiu um som grave, como um coração batendo. E então, ela viu: imagens dançando no ar, fragmentos de sua própria vida — sua infância, seus medos, e um futuro onde Valfenda ardia em chamas.

Mas algo estava errado. Sombras se moviam nas bordas de sua visão, e um vulto encapuzado surgiu do nada. “Você não deveria estar aqui,” disse a figura, com uma voz que parecia ecoar de outro tempo. “O relógio escolhe seus guardiões, não seus mestres.” Antes que Lira pudesse responder, o vulto desapareceu, deixando apenas um pingente com um símbolo idêntico ao do pergaminho.

Determined a desvendar o mistério, Lira tocou o relógio. O mundo girou, e ela se viu em Valfenda, mas não como a conhecia. As ruas estavam desertas, o céu era vermelho como sangue, e vultos encapuzados patrulhavam a vila. No centro da praça, uma versão dela mesma, mais velha e com olhos vazios, segurava o mesmo pingente. “Você já perdeu,” disse a outra Lira, antes de desvanecer em cinzas.

Despertando de volta na torre, Lira percebeu que o relógio não apenas mostrava o tempo — ele o manipulava, mas a um custo. O pingente em sua mão pulsava, quente, como se estivesse vivo. Ela precisava descobrir quem eram os guardiões do relógio, por que a escolheram e como impedir o futuro sombrio que viu. Mas cada o parecia atrair mais sombras, e o som do relógio ecoava em sua mente, como se contasse os segundos que restavam.

Fim.