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Muitas almas anseiam, por mais que desejem, por um instante de solidão serena longe das vozes dispersas do mundo para que possam voltar-se inteiramente Àquele ou Aquela que lhes preenche a existência com um sentido transcendente. Porém, é preciso compreender que essa solitude verdadeira, a que realmente aproxima do Divino, não está presa a grutas, montes ou bosques silenciosos. Ela é, antes, uma disposição interna, uma câmara secreta preparada no fundo do peito, onde o sopro do Todo pode repousar. Aqueles que vivem imersos nas obrigações diárias, entre ruas movimentadas, mercados barulhentos ou lares atribulados, ainda assim podem conservar o recolhimento do espírito contanto que não estejam presos aos grilhões dos apegos ageiros, dos desejos inquietos ou das vaidades que se evaporam como o orvalho ao nascer do sol.
O verdadeiro silêncio não exige que te apartes do mundo, mas que o faças calar dentro de ti. Mesmo no tumulto das multidões, quem aprendeu a amar o Todo sob o Nome e Rosto que o coração reconhece carrega consigo um templo vivo, onde se acendem as luzes da contemplação. Se teu viver for sustentado por deveres, que sejam eles tua oferenda. Se tua rotina exige presença no mundo, que tua presença se faça leve, reverente e consciente. Pois nenhuma ocupação apaga a chama do recolhimento se o propósito maior for a vontade do Todo, manifestada no bem, na justiça e na integridade da alma.
Se desejas entreter-te continuamente com o Sagrado, seja Ele teu Deus, tua Deusa, tua Fonte ou teu Caminho, aprende a amar a solidão. Aprende a calar por dentro. Não é a ausência de vozes externas que torna a alma recolhida, mas o abandono das distrações vãs que fazem ruído no coração. O Todo fala, sim, com ternura e constância, mas poucos ouvem, pois o mundo troveja em demasia dentro de seus peitos. O som dos próprios desejos, das inquietações fabricadas e das vaidades mantidas abafa a voz silenciosa da Divindade. Quantos caminham nesta vida sem jamais escutar o que o Todo diz baixinho em cada alvorada, em cada respiração, em cada sopro de brisa que a? Não é que o Todo não fale. É que a maioria já não sabe mais escutar. O sagrado não grita, e por isso é preciso calar para ouvi-lo. Se teu espírito ainda se move no torvelinho do mundo, luta, pois, por recolher-te, mesmo que apenas por instantes, e neles descobrirás uma eternidade.
Cria, no fundo de teu ser, uma câmara escondida, uma camarazinha secreta onde tua alma possa entrar e fechar a porta, deixando do lado de fora as exigências dos homens e os ruídos da vida. Nessa morada sutil, acende o fogo da comunhão e consagra o altar da escuta. Tua divindade, seja Ela quem for, espera por ti não apenas nos templos construídos por mãos humanas, mas nesse recinto sagrado da tua consciência, onde tu e Ela sois um só. Não precisas grandes cerimônias nem vozes solenes. Basta o silêncio da entrega. Basta o recolhimento sincero. A fidelidade nesse gesto íntimo, repetido dia após dia, purifica a mente, ordena os desejos, fortalece a vontade. Por isso, ainda que o mundo te exija presença e trabalho, oferece-lhe só o que for justo. Guarda para o Todo o melhor do teu tempo e o mais puro do teu silêncio. E se não puderes oferecer longas horas, então oferece migalhas de tempo com coração inteiro e verás que até essas migalhas o Sagrado as transforma em maná.
Compenetra-te bem da verdade de que tua Divindade seja qual for o nome com que a chamas está contigo em todo lugar. Ela não está limitada a altares fixos, a ritos específicos ou a palavras codificadas. Ela te habita. Move-te. Sustenta-te. E mesmo quando dela te esqueces, Ela te olha. "N'Ele vivemos, nos movemos e somos" já diziam os antigos. Esse pensamento, se levado ao coração, é força contra todo mal e guia seguro em toda escolha. O que mais precisas temer senão ofender àquela presença sagrada que repousa em ti? O que mais precisas desejar senão fazer a vontade do Todo, seja ela clara ou misteriosa? Acostuma-te, pois, a lançar teus olhos interiores não sobre os ornamentos do mundo, mas sobre o centro invisível de onde tudo procede. Tudo o que existe tem sua origem nesse Todo e todas as criaturas, por mais belas ou terríveis, são apenas reflexos pálidos daquilo que és chamado a contemplar. Agradece, ama, reverencia. Cada instante, cada sopro, cada mínimo detalhe de tua vida foi tecido por mãos invisíveis que pensaram em ti desde antes do tempo. Recolhe-te e escuta.
Há dentro de ti um lugar onde nem o tempo ousa entrar um relicário secreto onde repousam tuas promessas mais puras e teus anseios mais altos. Não é visível aos olhos nem audível ao mundo; ele se abre apenas ao toque da alma que ousa buscar o Eterno. Nesse lugar, as palavras cedem lugar ao silêncio, e o desejo se dissolve na paz. Lá, tudo é simples: uma luz branda, uma presença serena, um sentido que transcende a razão. Cultivar esse santuário interno é tarefa diária, exigente, mas doce. A cada manhã, acende nele a lâmpada da intenção reta. A cada noite, perfuma-o com a memória do que foi vivido com retidão. Nada mais importa. Se o mundo ruge, que ruja; se o corpo sofre, que sofra. Enquanto esse templo íntimo estiver erguido, a alma nunca se perde.
Não basta, porém, construir esse refúgio é preciso habitá-lo. Quantos o edificam com belos votos e o abandonam logo depois, seduzidos pelas miragens do mundo? A câmara interior não é museu, é morada. Entra nela com frequência. Não apenas quando tudo desaba, mas também quando tudo vai bem, pois é nos dias tranquilos que o espírito se dispersa com mais facilidade. Visita esse lugar com reverência, como quem pisa em terra sagrada. Leva contigo tuas angústias, teus louvores, tuas perguntas. Ali, tudo encontra sua medida. Ali, o Todo escuta, ainda que não fale; responde, ainda que não se explique. E quando a resposta não vem, é porque já está em ti, aguardando que o silêncio a revele.
Aprende, pois, a linguagem do silêncio. Ela é sutil, mas plena. É nela que o Sagrado mais se manifesta. O mundo grita, o céu murmura. E quem deseja ouvir a voz do Alto precisa descer até o íntimo da alma e ali permanecer. As vozes do mundo são muitas, mas todas dizem o mesmo: “Corre, conquista, consome”. A voz divina diz o contrário: “Pára, contempla, contenta-te”. Essa inversão assusta, mas liberta. Quantos não vivem cansados porque não sabem cessar o ruído interior? Aprende a dizer não ao tumulto, não por desprezo ao mundo, mas por amor à tua alma. Que teu recolhimento não seja fuga, mas fidelidade. Pois quem ama o Eterno precisa reservar a Ele um espaço exclusivo, intocado pelos interesses ageiros.
Tudo o que possuis está em risco de te possuir. Tua casa, teu corpo, teus planos, teus projetos tudo isso é dom, mas também prova. Se não fores vigilante, aquilo que te foi dado para servir tornar-se-á teu senhor. O recolhimento é, então, uma disciplina de liberdade: libertar-se para amar melhor. O apego cega, distrai, enrijece. O desapego, ao contrário, refina a visão, pacifica a alma, torna o espírito leve. E não se trata de abandonar o que é bom, mas de não se prender a nada como se fosse absoluto. Pois o único Absoluto é o Todo. Ama, sim, tua família, teus amigos, tuas conquistas mas ama-os no Todo, com o Todo, pelo Todo. Só assim teu amor será puro e fecundo.
Há uma beleza secreta no gesto simples de quem se recolhe sem ostentação. Não há glória exterior, não há medalhas nem aplausos. Apenas uma fidelidade silenciosa, como a da raiz que se aprofunda em busca da água. O mundo não vê, mas o céu observa. Cada instante em que te voltas ao Alto com sinceridade é como uma vela acesa numa catedral vazia: discreta, mas luminosa. Que teu recolhimento seja assim discreto, constante, luminoso. Pois a Divindade não se comove com barulho, mas com verdade. E não há verdade maior do que uma alma que, em meio ao caos do mundo, ainda ousa fechar os olhos e dizer: “Aqui estou”.
Muitos buscam o recolhimento como fuga do sofrimento. Não sabem que ele é, na verdade, uma escola de resistência. Quando te recolhes, não escapas das dores; aprendes a olhá-las com outros olhos. Sofrer com Deus é diferente de sofrer sozinho. O sofrimento recolhido na presença do Todo transforma-se em oração, em semente, em graça. Aprende, pois, a levar tuas cruzes para esse lugar secreto. Ali, elas não pesam tanto. Ali, são iluminadas de dentro. E mesmo que não desapareçam, deixam de ferir. Tornam-se parte de um mistério maior que santifica aquilo que parecia apenas dor.
Não confundas recolhimento com isolamento. O recolhido está no mundo, mas não se dilui nele. Participa, mas não se perde. Fala, mas sabe calar. Ama, mas sem se prender. Ele é como o sal na água: presente, invisível, necessário. E quando a presença do recolhido se faz notar, é como um perfume sutil que eleva o ambiente. O verdadeiro recolhimento não afasta os outros; atrai-os pelo testemunho silencioso de uma alma centrada. Sê, então, presença serena onde fores. Que teu olhar reflita a paz de quem habita consigo mesmo. Pois quem é morada da Divindade torna-se refúgio para os outros.
O tempo é um dom precioso e também um campo de prova. O mundo vive em pressa. Tudo urge, tudo clama, tudo exige. Mas a alma recolhida não se deixa dominar pelos ponteiros. Ela sabe que há um tempo próprio para tudo: para agir, para calar, para adorar. E mesmo quando o dever a chama ao movimento, ela se move com suavidade, como quem dança obedecendo ao como interior. Aprende essa arte do ritmo sagrado. Não faças tudo correndo. Nem tudo é urgente. Algumas coisas precisam ser feitas devagar como a oração, a escuta, o amor. Pois o Eterno se revela aos que sabem esperar.
A pureza de intenção é a pedra angular do recolhimento. Não basta silenciar por fora se o coração continua apegado à vaidade, ao orgulho espiritual, à vontade de parecer virtuoso. O recolhido de verdade não se exibe. Nem mesmo para si. Ele não busca consolo imediato, nem revelações extraordinárias. Busca apenas a face do Todo, ainda que escondida. E se nada sente, se nada vê, ainda assim permanece. Pois ama o Eterno mais do que as consolações que Ele possa oferecer. Essa pureza custa, mas recompensa. Pois quando o coração está limpo, até o silêncio se torna resposta.
Não esperes o momento ideal para recolher-te. Ele nunca virá. Sempre haverá ruído, sempre haverá tarefa, sempre haverá distração. Aprende, pois, a recolher-te agora no meio daquilo que tens. Que teu coração seja como uma tenda móvel, pronta para ser erguida onde for preciso. O recolhimento não exige perfeição de circunstâncias, mas decisão de vontade. E se tua vontade é fraca, começa com minutos. Fecha os olhos por instantes. Respira com atenção. Lembra-te do Todo. E, pouco a pouco, tua alma criará asas. Pois o recolhimento é como o voo de um pássaro: começa com um salto pequeno, mas leva ao alto.
É do amor de Deus que nasce o recolhimento. Se a alma não amasse a Deus, não teria necessidade nem a força de se conservar unida a Divindade, apesar dos esforços das criaturas que a solicitam de todos os lados. Por sua vez, o recolhimento nutre e fortalece a caridade, que, sem Ele, se extinguiria como o ferro que se esfria quando longo tempo longe do braseiro donde tirava o seu calor.
Unida a Divindade pelo recolhimento, a alma sente-se sempre mais abrasada de amor para com a infinita Beleza, sempre mais irável à alma que a contempla.
Mesmo quando não goza da presença e dos entretenimentos daquele a quem ama, o amigo verdadeiro nutre-se da recordação dele, do desejo de vê-lo e de se devotar por ele; é, poderíamos dizer o recolhimento de amizade. Mais feliz, a alma que ama a Deus não se sente afastada do seu amigo divino, porque nele ou nela tem a vida, o movimento e o ser; mesmo, porém, quando com o/a mesmo/a se não entretém diretamente na doçura da oração, compraz-se em contemplar as suas amabilidades, e goza em sacrificar-se para lhe provar o seu amor: é o recolhimento da caridade. Partindo desse ponto, pode-se definir o recolhimento: uma força nascida do amor, pela qual a alma, resistindo às atrações das criaturas, permanece senhora de si mesma, e se conserva unida a Divindade pela fidelidade constante do coração e por frequentes retornos do espirito.
Toda afeição desordenada é um fio solto que enrosca a alma em si mesma. Basta um só laço mal atado uma vontade indisciplinada, um desejo sem norte, um amor não consagrado para que o templo interior se obscureça. A divindade, que repousa em silêncio no centro do ser, não Se impõe: retira-Se quando a alma A trai, ainda que sem palavras. Assim, o recolhimento não se destrói num único golpe, mas se dissolve aos poucos, a cada distração acariciada, a cada capricho alimentado. O coração, que deveria ser altar, torna-se vitrine de paixões, e a Presença se afasta.
Por isso, o retorno à Divindade não pode ser esporádico. Ele deve ser tão frequente quanto os atos que nos constituem. Toda vez que a inteligência se põe em movimento e a vontade se ergue, deve haver um gesto interior de oferenda. Começar cada ação com esse olhar elevado seja ele um suspiro, uma inclinação invisível da alma, uma palavra breve é tornar cada tarefa um sacramento. Assim, até o trabalho mais comum se torna culto. Cada transição entre uma ocupação e outra é um limiar: e toda travessia pede reverência. Nesse sentido, o recolhimento é como a respiração da alma e reter o fôlego é morte.
Alguns se satisfazem com erguer os olhos ao Alto no início de cada tarefa. Outros, mais avançados no caminho, caminham com os olhos da alma constantemente fixos na Divindade, mesmo enquanto as mãos se ocupam do mundo. Entre esses dois há uma escada de degraus invisíveis, e cada um deve subir conforme a força que possui. Mas nenhum degrau é neutro: ou se sobe, ou se desce. A alma que começa bem e depois se abandona à distração voluntária, que deixa a memória do Sagrado dissolver-se no fluxo das horas, está a escorregar, lenta, para longe de si mesma.
A Divindade não exige heroísmos contínuos, mas constância sincera. Não é necessário que o coração esteja inflamado a cada instante, mas que esteja voltado na direção certa. Se, ao iniciar tua tarefa, fizeste da tua intenção um incenso e da tua ação uma oferenda, mesmo que a memória d’Aquela Presença se esvaia no calor do labor, tua alma ainda permanece recolhida, desde que não consinta em se distrair por vaidade ou orgulho. O perigo não está em esquecer momentaneamente, mas em contentar-se com esse esquecimento, em cessar o esforço de recordar.
A alma recolhida é como um templo cuja lâmpada nunca se apaga. Ainda que os ventos soprem, ainda que o ruído do mundo cerque suas portas, a chama continua, ainda que pequena, alimentada por gestos curtos, por intenções sinceras, por retornos frequentes. Que teu interior esteja sempre voltado à Divindade — não com tensão ansiosa, mas com serena fidelidade. Pois quem se acostuma a retornar frequentemente, termina por habitar constantemente. E o recolhimento, que era esforço, torna-se morada. O lar onde a Divindade se deixa entrever mesmo no mais ínfimo dos gestos.
Cada alma deve encontrar seu próprio ritmo nesse retorno. Para alguns, será o sussurro de um nome sagrado antes de cada tarefa. Para outros, o hábito de unir as mãos por um breve instante entre dois afazeres. Para os mais experientes, a simples respiração se torna oração. Não se trata de formalismo, mas de fidelidade. O que importa é que a alma não aja por mero instinto, mas por escolha iluminada. Que nada em ti seja automático: que tudo seja consagrado. Pois a Divindade não habita apenas nos grandes êxtases místicos, mas no cotidiano santificado pela atenção.
A alma que deseja verdadeiramente recolher-se em sua Divindade aprende a desconfiar dos convites constantes do mundo. Mesmo as convivências mais aparentemente inocentes, quando não movidas por necessidade ou por um desígnio elevado, são quase sempre fontes de dissipação. Cada palavra fútil, cada risada vazia, cada olhar ansioso por aprovação mundana é um o para longe do centro sagrado. É por isso que o silêncio se torna refúgio e a solidão, escudo. Não por misantropia ou orgulho, mas por zelo. O recolhimento exige que se afaste tudo o que rouba a inteireza da atenção. A alma fiel aprende a reconhecer quando está sendo chamada à presença do mundo e quando está sendo atraída de volta pela Voz interior. Só deve sair da solidão quem nela foi colocado pelo próprio Chamado do Alto. Do contrário, o tumulto exterior logo se tornará tumulto interior, e a paz será perdida. Estar só com o Sagrado é, para essa alma, não uma fuga, mas a mais pura forma de habitar-se.
Silêncio e solidão são mais que circunstâncias externas são estados da alma que reconheceu sua indigência e deseja ardentemente preservar a morada interior da Divindade. O silêncio não é apenas a ausência de vozes; é o calar das próprias vontades, das justificativas, dos argumentos interiores que tentam manter o eu no centro. E a solidão não é mero afastamento físico: é desapego voluntário da necessidade de aprovação, da compulsão por companhia, da dispersão constante em mil vínculos frágeis. Quem se recolhe assim encontra, nesse retiro, não a ausência, mas a Presença. A alma que se oculta do mundo para se mostrar à sua Divindade não perde tempo: encontra o Eterno. Por isso, o recolhimento verdadeiro não teme o esquecimento dos homens, nem sofre por não estar presente em todas as conversas e convívios. Sua alegria está em ser vista por Aquela Presença que sonda o coração em segredo. E isso basta. O resto é ruído. Eis o estado pleno e o verdadeiro desejo do coração. Eis a alegria da vida. Eis a conexão com a Divindade!
(Autoral)
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