Tem dias que eu nem sei mais o que é certo ou errado. As linhas borraram, os limites viraram pó. Mas se você quer brincar, tudo bem — eu também sei jogar. E jogo do meu jeito, quebrado, desconfiado, com medo de perder o pouco que ainda me resta.
É estranho tentar. Tentar amar, tentar mudar, tentar seguir. Dá medo. Sério, dá um medo fodido de me entregar pra algo que parece fadado a dar errado. E mesmo assim, eu continuo aqui, tropeçando na mesma calçada, caindo e levantando no mesmo lugar. Como se meu corpo recusasse a desistir, mesmo quando minha mente já desistiu faz tempo.
Você me olha com preocupação. Eu vejo. Mas o que você não entende é que eu me apaixonei por uma coisa que já morreu. Um sentimento que só existe nos fantasmas que me visitam à noite. E eu me apego nisso. Eu amo esse sentimento. Amo o que ele foi. Amo até o fim dele. É doentio, talvez. Mas é real.
Ultimamente, tô me apagando com frequência. Fazendo merda, falando besteira, agindo como se eu não fosse mais parte de nada. Me tornei problema. Me tornei o incômodo. Tem horas que eu até me arrependo. Vejo no seu rosto o enjoo, o desconforto. E tudo que eu queria era poder sair da minha pele, ou melhor, me esconder num caixão e fingir que acabou.
Você também não é flor que se cheire. Só sobra silêncio, frieza, e uma presença que parece mais cadáver do que companhia. Mas mesmo assim, não consigo escolher outra coisa. Não existe opção pra mim além de continuar nessa espiral.
No fundo, tenho medo de todo mundo. De ser visto demais ou de não ser visto nunca. E, se quer saber, tenho quase certeza que vou estar morto por dentro antes mesmo de terminar de escrever esse texto.
![Amar o que já morreu.-[c]Tem dias que eu nem sei mais o que é certo ou errado. As linhas borraram, os limites viraram pó. Mas](https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fpm1.aminoapps.vertvonline.info%2F9397%2F6608187df88b074ee4a188acde50a49004770ae1r1-736-414_hq.jpg)
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