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Um ícone de inspiração à frente de seu tempo

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Ꭺrisu February 24
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Introduction

Até que ponto somos verdadeiros? O quão frequentemente tomamos decisões com honestidade em nosso dia a dia? A vida é, essencialmente, um conjunto de escolhas, erros e acertos, mas, acima de tudo, é feita de escolhas. Desde o momento em que abrimos os olhos ao acordar até fechá-los ao dormir, escolhemos. Decidimos o que comer, o que vestir, o que fazer e como fazer. E surge a pergunta: até que ponto essas escolhas nos aproximam ou nos afastam da vida que realmente desejamos? Pode parecer trivial, mas cada decisão nos leva a um o mais perto ou mais longe do nosso ideal. Às vezes, apenas cinco minutos podem alterar o curso de uma vida; uma única escolha pode mudar tudo. Então, pergunte-se: estou satisfeito com as decisões que tenho tomado? Estou contente com minhas ações, desejos, falhas e sucessos? O que estou fazendo que me aproxima da vida dos meus sonhos? O que me distancia disso? No meu caso, sinto que estou um pouco perdida nesse caminho chamado vida. Algumas vezes, acerto de forma maravilhosa; em outras, erro de maneira tão embaraçosa que sinto vergonha. Muitas vezes, deposito expectativas nos outros e deixo minhas próprias decisões para depois, colocando-me em segundo plano. Criar expectativas pode ter seu valor, mas a dor da decepção é intensa e pode corroer tudo por dentro. Busquei tanto a perfeição nas minhas escolhas e, em contrapartida, sempre me frustrei, talvez porque me deixei influenciar por opiniões alheias. As minhas escolhas devem ser apenas minhas. Afinal, a vida que imagino para mim é algo que eu mesmo crio. Enquanto escrevo, uma infinidade de pensamentos me invade e, ao mesmo tempo, me faltam palavras... Mas escrevo, pois a escrita é meu refúgio.

Nessa consistência, a vida é uma verdadeira caixa de surpresas. Muitas vezes, subestimamos essa frase, até que, um dia, ela faz total sentido. Sonhamos, planejamos, idealizamos e realizamos, mas nada acontece exatamente como imaginamos. Podemos planejar cada detalhe, mas a realidade sempre se desvia do que esperávamos. A vida nos abraça e diz: “Eu é que estou no comando”, mesmo que tentemos ser perfeccionistas. Até onde podemos controlar nossas vidas? Até onde devemos? Às vezes, sinto como se estivesse à deriva em um barco; mesmo sabendo qual é o destino, não faço ideia de como será a viagem, quantas ondas, tempestades ou pores do sol verei pelo caminho. Mas continuamos, com ou sem propósito, com determinação ou não, mas sempre seguimos em frente. E que bom que seguimos, pois é assim que vivemos novas experiências, sorrisos, abraços e desejos. O tempo a, errando ou acertando, ele avança a cada dia. Isso me causa um certo desespero, pois percebo que tenho cometido muitos erros, mas o que posso fazer se, mesmo refletindo tanto, não é suficiente para me proteger em um mundo repleto de crueldade? Aqui estou, pensativa em um início de noite qualquer, refletindo sobre a necessidade de mudar, de ser realmente quem quero ser, de realizar meus sonhos, mesmo que pareçam simples. Que eu possa me tornar alguém de quem me orgulhe a partir de agora, que eu possa me amar de maneira genuína, me proteger de ações mal-intencionadas, olhar para mim mesma com mais carinho e respeito e enxergar a vida sob ângulos mais positivos e leves. Que eu seja eu!

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Osamu Tezuka

Sendo um ícone que inspirou diversos artistas e mangakás no universo nipônico, Osamu Tezuka nasceu em 3 de novembro de 1928, na cidade de Toyonaka, na região de Osaka. Desde a infância, destacou-se por sua criatividade e imaginação vibrante, crescendo em um ambiente progressista que o apresentou ao fascinante mundo dos mangás e animações. Na juventude, desenvolveu uma intensa paixão por insetos, similar à de Jean-Henri Fabre, e, como tributo a esse interesse, incorporou o ideograma que representa "inseto" em seu nome artístico. Depois de vivenciar as experiências traumáticas da guerra, Tezuka ou a valorizar profundamente a vida. Embora inicialmente tivesse a intenção de se tornar médico e até tivesse obtido sua licença, ele decidiu seguir o caminho que realmente o apaixonava: o de mangaká e roteirista de animações. As obras de Tezuka, tanto os mangás quanto as produções de animação, deixaram uma marca indelével na formação da mentalidade da juventude japonesa no período pós-guerra. Ele revolucionou a forma como os desenhos animados eram percebidos no Japão, elevando-os a uma expressão artística envolvente e introduzindo uma variedade de estilos que culminou no surgimento do "desenho animado de história". Seu legado não apenas transformou o panorama da literatura e do cinema, mas também influenciou uma ampla gama de outros gêneros artísticos. Nesse contexto, seu impacto no universo cinematográfico foi tão significativo quanto no universo dos mangás. Os encantadores personagens que surgiram em obras como a primeira série animada de TV do Japão, "Astro Boy", a série colorida "Jungle Emperor Leo" e o especial de duas horas "Bander Book" conquistaram os corações dos japoneses através da televisão, elevando a popularidade da animação a novos patamares na sociedade nipônica. Com isso, o legado de Osamu ultraou fronteiras, sendo exportado para os Estados Unidos, Europa e outros países asiáticos, transformando-se em um verdadeiro tesouro para crianças ao redor do mundo. Ele também se aventurou no terreno da animação adulta de longa-metragem, explorando todas as potencialidades desse meio criativo. Além de seu notável trabalho na televisão e na animação comercial, Tezuka recebeu reconhecimento internacional por suas iniciativas nas adaptações experimentais em seus últimos anos. O tema que permeia suas obras, a valorização da vida, foi o fio condutor de toda a sua produção. Osamu Tezuka, um criador que deixou um riquíssimo legado cultural e que possuía um espírito inovador inigualável, viveu sua vida com uma incansável dedicação ao seu ofício, sempre guiado por uma visão clara do futuro. Ele faleceu aos 60 anos, no dia 9 de fevereiro de 1989, deixando seu legado eternizado para as futuras gerações.

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Takarazuka Revue

Bem-conceituado e afamado como uma das figuras mais importantes entre renomados artistas e mangakás da contemporaneidade, Osamu Tezuka é constantemente reverenciado como "O Padrinho dos Mangás", sendo considerado uma das figuras mais impactantes na indústria das artes nipônicas. Criadores como Go Nagai e Naoki Urasawa creditam a Tezuka como uma fonte de inspiração, com Urasawa até mesmo utilizando Astro Boy como modelo para sua obra Pluto. Não se limitando apenas a influenciar artistas japoneses, Astro Boy foi adaptado para um filme de Hollywood, e Tezuka recebeu uma proposta para colaborar em "2001: Uma Odisseia no Espaço". Por causa de seu talento e visão liberal, o artista era um grande irador de Walt Disney, tendo afirmado que assistiu a Bambi mais de 80 vezes, conforme mencionado em um artigo sobre sua vida. No entanto, uma influência menos conhecida sobre Tezuka vem da Takarazuka Revue, que é uma companhia teatral inteiramente composta por mulheres, localizada em Takarazuka, na província de Hyogo, onde Tezuka nasceu e cresceu. De acordo com alguns artigos publicados, em seu ensaio sobre a Takarazuka, a trupe foi inicialmente promovida com a ideia de que suas atrizes se tornariam "boas esposas e mães sábias" ao deixarem a companhia, mas, com o tempo, ganhou notoriedade por suas representações inovadoras de gênero e sexualidade. Essa fama, no entanto, não veio sem controvérsias. Rumores sobre relacionamentos entre as integrantes, cartas de amor trocadas com o público feminino e alegações de que a Revue influenciava jovens a se identificarem como pessoas do mesmo gênero resultaram em uma gestão que buscou proteger a privacidade das atrizes.

Durante o processo, a istração da Takarazuka enfatizou que a companhia não era feminista, mas sua influência em vozes progressistas era inegável. Embora a istração não promovesse abertamente valores progressistas, as próprias performances da companhia desafiaram e desconstruíram as normas de gênero em uma sociedade patriarcal. Desde sua fundação, muitas de suas produções apresentaram personagens andróginos e sexualidade ambígua, uma vez que todos os papéis são interpretados por mulheres. Em uma época em que o teatro era dominado por homens, como no Kabuki ou Noh, pode-se destacar que a Takarazuka quebrou barreiras em relação às concepções patriarcais de gênero no Japão. Suas performances continuam a desafiar essas normas até hoje. A Takarazuka Revue também é famosa por seus musicais, frequentemente inspirados em mangás e videogames; a trupe já encenou peças baseadas em obras como The Rose of Versailles, Phoenix Wright, Sengoku Basara e até mesmo algumas criações de Tezuka, como Black Jack. Além disso, a Takarazuka influenciou outros criadores, como os animes Revolutionary Girl Utena e Sailor Moon, além de jogos como Sakura Wars. Especialmente Sailor Moon deve muito à Revue, com sua criadora, Naoko Takeuchi, revelando que Haruka e Michiru foram originalmente concebidas como integrantes da Takarazuka. Antes de Tezuka se tornar uma inspiração para a Takarazuka, ele próprio era influenciado por suas produções, frequentemente acompanhando sua mãe em suas apresentações. Essas experiências o motivaram a criar um novo tipo de mangá voltado para o público feminino.

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Princess or Prince

Tendo uma base de inspiração para suas criações, ele criou a obra "Princess Knight", que representou uma abordagem inovadora dentro do gênero mangá shoujo, permitindo a Tezuka explorar questões de gênero de maneira única. A trama gira em torno de Sapphire, uma princesa que recebe tanto um coração feminino quanto um masculino de um anjo. Quando Deus ordena ao anjo que recupere seu coração extra, Sapphire se recusa a se desfazer de qualquer um deles. Em meio a isso, outros personagens, como revolucionários, buscam manipular Sapphire, uma vez que, por ser mulher, ela é vista como incapaz de assumir o trono. A jovem se sente à vontade com seus dois corações. Em certos momentos, ela se transforma em um valente príncipe guerreiro, enquanto em outros exibe a graça e doçura de uma princesa. Embora a obra culminasse em seu casamento com o príncipe Franz, suas jornadas a levam a duelos arriscados e confrontos com vilões. Tezuka revelou que "Princess Knight" é uma reflexão de sua experiência com a Takarazuka, que ele desejava transpor para o universo do mangá. Ao incorporar a ideia de “beleza em trajes masculinos”, característica da Takarazuka, ele criou uma princesa que poderia ser vista como não binária ou de gênero fluido na contemporaneidade.

A obra "Princess Knight", de Tezuka, exerceu uma influência significativa sobre outras produções, como "The Rose of Versailles" e "Revolutionary Girl Utena", que apresentam personagens com traços semelhantes e exploram questões de gênero. É fácil imaginar que garotas da época de Tezuka encontraram uma representação em Sapphire, assim como hoje nos identificamos com Haruka, de "Sailor Moon", ou Utena. Entretanto, "Princess Knight" não é a única criação que aborda esses temas. No original "Dororo", o órfão Dororo se junta ao protagonista Hyakkimaru, que precisa derrotar 48 youkais para recuperar sua humanidade. O jovem é ousado, rebelde e não teme desafiar figuras de autoridade; a história também sugere que o personagem não se alinha a um gênero, trazendo para a trama essa dualidade ao relacionar profundamente as lutas em torno da identidade de gênero. No desenrolar da narrativa, diversos personagens questionam o gênero de Dororo. Embora o mangá não revele seu destino final, é importante notar que ele afirma sua identidade masculina. Em um momento tenso, Itachi, o bandido responsável pela morte do pai de Dororo, pede para a criança se despir e questiona se seus pais o criaram "desse jeito", ao que Dororo responde com firmeza: "Eu sou um menino!". Com relação à adaptação de 2019, que possui um desfecho e uma releitura das cenas, fica muito claro que o personagem é uma menina e se identifica como uma garota, usando apenas o gênero masculino como uma fachada para se esconder de possíveis ameaças. No clássico, Hyakkimaru também percebe a identidade da criança, mesmo que não mencione isso diretamente. Em outra parte do universo de Tezuka, Dororo aparentemente nasceu como um garoto, pelo menos no contexto de "Black Jack", a qual ele e Hyakkimaru são retratados como uma dupla de irmãos delinquentes.

Contudo, "Black Jack" também apresenta um personagem que traz essa questão de identidade de gênero. Por ser uma das obras mais renomadas de Tezuka, "Black Jack" narra a história de um cirurgião não licenciado com habilidades excepcionais e taxas exorbitantes. Apesar de ter perdido sua licença por realizar uma cirurgia não autorizada enquanto interno, a busca por vingança pela morte de sua mãe é uma motivação central na narrativa. Em um dos episódios, somos apresentados ao Dr. Kei Kisaragi, um médico de navio amigo de Black Jack. Kisaragi compartilha com Pinoko, a menina que vive com Black Jack, sobre "sua irmã" Megumi, que sofre de uma condição ameaçadora à sua vida. Quando Black Jack toma conhecimento da situação, ele decide realizar um procedimento experimental, removendo todo o sistema reprodutivo de Megumi, mesmo enfrentando a oposição da faculdade de medicina. Durante o procedimento, ambos revelam seus sentimentos um pelo outro. No desfecho da história, Black Jack revela que a Dra. Kei Kisaragi era, na verdade, Megumi o tempo todo. Mais tarde, ela reaparece alguns volumes depois, quando um marinheiro se aproxima de Black Jack para confessar que está apaixonado por Kisaragi e que planeja se casar com ela. Nesse momento, o protagonista relembra seus próprios sentimentos por Kei e, apesar de ele ser apresentado como um homem, faz referência a ele como "Megumi" ao recordar o procedimento que realizaram juntos. A narrativa deixa claro que os sentimentos de Black Jack por Kisaragi permanecem inalterados, mesmo após a transição de Kei para viver como um homem. Essa conexão emocional é ainda mais reforçada em outra história, na qual os dois se encontram novamente em um sonho. Nele, Kisaragi visita Black Jack e expressa sua felicidade por ter "parado de viver como uma mulher", mas deixa claro que seus sentimentos de amor nunca se extinguiram. Embora a representação dos personagens possa ser considerada problemática, o amor recíproco entre eles pode ser interpretado, à luz das discussões contemporâneas, como um relacionamento entre um homem trans e um homem cis, refletindo nuances de amor e aceitação que ressoam com as experiências hodiernas. As obras de Tezuka, através de suas narrativas complexas e personagens multifacetados, não apenas desafiam as normas de gênero estabelecidas, mas também oferecem uma reflexão profunda sobre a identidade e as relações humanas, mostrando que, independentemente de suas escolhas, o amor e a aceitação são temas universais que transcendem o tempo e o espaço. Essas obras não só contribuíram para a evolução dos mangás como também abriram espaço para diálogos importantes sobre identidade de gênero e sexualidade na cultura pop. Ao incorporar personagens que desafiam as normas tradicionais, Tezuka e seus contemporâneos ajudaram a moldar uma nova geração de histórias que ressoam com uma diversidade de experiências, promovendo uma aceitação mais ampla e uma compreensão mais profunda das complexidades da identidade humana. Dessa forma, a influência de Tezuka se estende além de seus personagens e narrativas, impactando criadores e públicos que continuam a ver e viver as questões que ele explorou. Suas obras permanecem relevantes, convidando novos leitores e espectadores a reexaminar suas próprias percepções sobre gênero e amor em um mundo que, embora tenha avançado, ainda enfrenta muitos desafios em relação à aceitação e à inclusão.

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Concept and gender identity

Pode ser complicado avaliar o quão "avançadas" eram as obras de Tezuka para o seu tempo, uma vez que narrativas de identidade de gênero já estavam presentes no final do século XX. Além disso, havia outros mangás da mesma época que apresentavam personagens e enredos com temas semelhantes e complexos, muitos dos quais não se basearam nos estereótipos e mal-entendidos que podem ser encontrados nas obras de Tezuka. Entretanto, esses títulos geralmente pertenciam a nichos específicos. Para o grande público, discussões sobre tais temas eram raras ou inexistentes. Apesar da violência física contra pessoas que pautam questões de gênero fosse relativamente incomum (especialmente se comparada a muitos países ocidentais), identidades e escolhas de gênero eram frequentemente vistas como "indecência e depravação" ou "problemas psicológicos", e aqueles que não se encaixavam nas rígidas normas da sociedade enfrentavam o ostracismo. Nesse contexto cultural, é digno de nota o fato de Tezuka ter escolhido incluir personagens que trazem suas complexidades e características de gênero em suas obras populares e íveis. Quando a sociedade ignora sua existência, a visibilidade positiva se torna crucial, mesmo que suas representações não sejam perfeitas. Tezuka era um homem progressista e com uma visão diferente de muitos, embora não possa citar com propriedade sobre os indivíduos do período Showa que cresceram escondendo as suas escolhas ou o que queriam ser. Posso afirmar que, vindo de um país no qual o sexismo e os papéis sociais ainda são profundamente enraizados, considero essas histórias relevantes até hoje. Dentro desse contexto, há mulheres que não têm permissão para usar calças ou receber educação formal, mesmo que essas histórias pareçam ultraadas, sua importância para a sociedade ainda persiste. A intolerância não desaparece simplesmente porque um homem cria um mangá voltado para meninas. Na verdade, muitas obras dirigidas a um público não masculino ainda enfrentam resistência significativa. Contudo, é essencial que esse tipo de narrativa e esses personagens estejam presentes. Isso não apenas beneficia as novas gerações que podem se ver refletidas nesses personagens, mas também serve para conscientizar a sociedade sobre os preconceitos que existiram e que continuam a existir.

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Conclusion

Osamu Tezuka criou suas obras com a intenção de "agregar o mundo" após a Segunda Guerra Mundial. Através dos mangás que apresentam protagonistas femininas poderosas, determinadas e distintas, em uma perspectiva inovadora para a época, Tezuka buscava não apenas levar seu idealismo ao público, como também transportá-lo para um universo imaginativo e fascinante, mas também inspirar suas virtudes e fortalecer sua autoconfiança. Ele desejava encorajar os leitores a trilharem seus próprios caminhos e a abraçar suas verdades, mesmo diante de um mundo que frequentemente tenta restringi-los. Reconhecer e respeitar a diversidade de pessoas que habitam este planeta, tornando-as visíveis, é uma forma de cuidar e moldar as mentes futuras. Embora não possamos afirmar se Tezuka era, de fato, um aliado, é inegável que suas criações foram uma dimensão política de gênero. Hoje, temos obras que trazem uma referência sobre liberdade de escolha, mostrando ao público uma forma simples de compartilhar suas identidades sem medo. Talvez os personagens de Takarazuka e Tezuka representassem uma identificação para meninas e crianças com identidade de gênero; algo que elas podiam assistir e pensar "sim, sou eu" durante sua infância, assim como hoje retratamos uma variedade de gêneros, corpos e personalidades em programas e mangás. Agora, cabe a nós continuar esse trabalho e garantir que mais pessoas se sintam incluídas e abraçadas. Obrigada por lerem.

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