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𝗜 𝘄𝗶𝗹𝗹 𝗯𝗲 𝘆𝗼𝘂𝗿 𝗰𝗵𝗮𝗺𝗽𝗶𝗼𝗻.
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‹ 𝐏.refácio⸼
O trauma e amor de muitos: Game of Thrones. Essa obra, queridíssima e infame em partes iguais, nos apresenta uma galeria de personagens tão cativantes quanto descartáveis — como se o coração do espectador fosse apenas mais uma peça nesse tabuleiro sangrento de Westeros. A gente se apega, a gente sonha e, então, vem a morte brutal, inesperada, traumática. Um roteiro que não perdoa esperança alguma. Entre diversos nomes marcantes, um em especial me fez acreditar que, talvez, o ciclo de tragédias pudesse ser quebrado — fui tola. Um personagem que entrou em cena como um raio em dia calmo e me fez acreditar que as coisas seriam diferentes e iriam mudar: Oberyn Martell. No entanto, como tudo em Westeros, essa fagulha de possibilidade também foi esmagada.
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‹ 𝐒.obre a obra⸼
Em um continente vasto e dilacerado por antigas lealdades, grandes casas disputam por poder, prestígio e sobrevivência sob a sombra do Trono de Ferro — símbolo frio de conquistas adas, sustentado por traições e ambições presentes. Ao sul, as intrigas palacianas corroem a estabilidade da coroa. Ao norte, o inverno avança como uma promessa esquecida, mas sempre cumprida, lembrando que, para além das guerras entre homens, existe um frio mais antigo, mais mortal. No extremo do mundo civilizado, uma muralha colossal ergue-se entre o reino e o desconhecido. Guardas sempre vestidos de negro, homens sem nome ou herança, juram proteger o reino de horrores que muitos creem estar extintos — mas que agora despertam. E do outro lado do mar, entre desertos, ruínas e cidades escravizadas, o último suspiro de uma linhagem caída reacende a chama da magia: nascem três dragões e, com eles, uma mulher determinada a tomar de volta o que foi usurpado.
Quando Jon Arryn, Mão do Rei, morre subitamente, o soberano Robert Baratheon viaja ao Norte para convocar seu velho amigo Eddard Stark. A relutante aceitação de Eddard o lança — e à sua família — no coração venenoso de King’s Landing. A partir desse momento, os caminhos se fragmentam em tragédias. Conspirações, mortes e traições dividem os Stark, enquanto as alianças se quebram como gelo fino. Robb é coroado Rei do Norte, mas paga um preço cruel. Arya foge, perde seu nome, mas não sua sede de vingança. Sansa amadurece em silêncio, aprendendo a jogar o jogo daqueles que a cercam. E Jon Snow, bastardo honrado, se ergue no Norte como um líder inesperado — enfrentando mortos, cruzando muralhas e retornando da própria morte.
No leste, Daenerys Targaryen, após perder seu marido e filho, desperta para o poder com o nascimento dos dragões. De escrava a rainha, seu caminho é construído sobre ruínas e libertações, até que, enfim, cruza o mar rumo a Westeros. Ali, encontra em Jon mais que um aliado. Quando o inverno finalmente chega, os mortos marcham sob comando do Rei da Noite. Em Winterfell, todos os vivos se unem para enfrentá-lo e Arya realiza o golpe final. Mas a vitória contra a escuridão não impede o que vem a seguir: tomada pelo luto e pela sede de justiça, Daenerys incendeia King’s Landing mesmo após a rendição. Destroçada por dentro, ela destrói aquilo que jurou proteger. Jon, dividido entre o amor e o dever, faz o impensável: põe fim ao ciclo antes que o terror se consolide no trono. Assim, as cinzas do poder dão lugar a uma nova ordem. Bran, com olhos além do presente, é escolhido como rei; Sansa torna o Norte independente; Arya parte rumo ao desconhecido; e Jon retorna à Muralha, ao frio que nunca deixou de chamá-lo — no qual tudo começou.
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‹ 𝐏.ersonagem⸼
Um nome que queima na boca como vinho forte e arde nos olhos como o sol do sul. Oberyn Nymeros Martell não veio ao mundo para ar despercebido. Nasceu em Dorne, em meio à areia quente e ao vento carregado de histórias; terra de lutas antigas, de mulheres armadas, de liberdade que assusta os reinos do norte. Lá, entre as muralhas do Solar de Lançassolar, cresceu como o segundo filho do Príncipe de Dorne, irmão mais novo de Doran Martell e tão diferente dele quanto o fogo é da brasa. Desde jovem, Oberyn mostrou-se inquieto, afiado e perigoso. Era chamado de “A Víbora Vermelha” — e o nome não era apenas poético. Ganhou a alcunha depois de um duelo com um cavaleiro a quem feriu com uma lâmina envenenada; não o matou, mas o deixou definhando por semanas. Dizia-se que ele usava veneno porque preferia a precisão à força bruta, já outros diziam que o veneno era sua resposta à covardia que vira no mundo. Talvez fosse ambos ou nenhum. Ele nunca se preocupou em explicar.
Ele viajou por Essos, estudou nas Cidades Livres, aprendeu com mestres de venenos, filósofos e guerreiros. Deitou-se com mulheres e homens com a mesma naturalidade com que empunhava a lança. Não pedia permissão para ser quem era e, com total certeza, não aceitava correntes — nem em suas ideias, nem em seus desejos. Teve filhas bastardas — as Serpentes da Areia — e nenhuma vergonha de chamá-las de suas; criou-as como guerreiras, cada uma com sua força e fúria, como extensões da própria alma.
Mas foi a morte de sua irmã, Elia Martell, que foi cruelmente assassinada durante a rebelião de Robert Baratheon, que alimentou a centelha que sempre ardia nele. Elia era mais que sangue; era honra ferida. E, por ela, ele cruzou o continente, entrou em King's Landing cercado de sorrisos e ironia, e fincou os pés no covil dos leões. Mas sob as palavras leves, havia aço. Veio buscar justiça e encontrar a verdade. Enfrentar Sor Gregor Clegane foi um ato de coragem — mas também de amor cego. Ele poderia tê-lo matado, mas precisava que o monstro confessasse. Queria que o mundo ouvisse o nome de Elia ecoando pelos muros da capital. Queria ouvir a verdade antes da morte do carrasco, e, por desejar demais, por confiar que a justiça era mais forte que a brutalidade, Oberyn caiu. Não por fraqueza, mas por intensidade. Talvez seja essa a real maldição dos bons: vivem tão intensamente que o mundo não consegue segurá-los por tempo demais.
Oberyn não foi apenas mais uma peça no jogo dos tronos. Ele era a peça que o tabuleiro não sabia como conter, era a presença que denunciava, com o próprio existir o quanto o resto de Westeros era preso a regras apodrecidas. Se tivesse vivido mais tempo, as coisas poderiam ter mudado.
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‹ 𝐌.otivo⸼
Oberyn Martell apareceu pouco e, ainda assim, foi impossível esquecê-lo. Em uma série marcada por muitas traições, alianças frágeis e personagens presos à própria rigidez, ele era o raro sopro de pura ousadia, inteligência e carisma que parecia capaz de mudar o tudo; por isso, sua morte foi mais que um choque: foi a interrupção brutal de uma promessa não cumprida — eu tinha tantas expectativas, chorei horrores "🤡". Ele não era apenas a Víbora Vermelha de Dorne; era um homem movido pela dor da irmã, sim, mas também por um senso de justiça que ia além da vingança. Não se curvava ao medo, nem se deixava moldar pelas regras de um mundo hipócrita. Falava com clareza, amava com liberdade e lutava com elegância. Ele era um lembrete de que ainda existiam personagens que podiam subverter a lógica cruel de Westeros sem perder a própria essência.
Se tivesse sobrevivido ao duelo contra a Montanha, Oberyn teria mudado o curso da guerra. Teria levado Tyrion à liberdade sem depender da ajuda de Varys ou de um julgamento viciado. Poderia ter servido como um mediador entre Dorne e o restante dos Sete Reinos, trazendo a voz de um povo sempre ignorado pelo trono. Mais do que isso, sua mente afiada e seu senso estratégico teriam feito dele um aliado poderoso contra Cersei e o jogo sujo dos Lannister — talvez até um conselheiro valioso a Daenerys, caso os caminhos se cruzassem. Oberyn poderia ter sido um dos poucos líderes com coragem para quebrar os ciclos de violência sem se perder neles. Sua morte não apenas eliminou um personagem com potencial gigantesco, como também retirou da trama um contrapeso necessário à brutalidade que continuou até o final da guerra pelo Trono de Ferro. Depois que ele se foi, o caos venceu com mais facilidade — a ruína se espalhou sem interrupção.
Se Oberyn voltasse, mesmo que por um capricho mágico do destino, não seria apenas um retorno triunfante, mas seria a chance de reescrever parte do que se perdeu. Seria dar continuidade a uma chama que não merecia ser apagada tão cedo.
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‹ 𝐏.osfácio⸼
SERÁ QUE NÃO CONSEGUEM DEIXAR OS PERSONAGENS DIVOS DO PEDRO PASCAL VIVOS EM UMA SÉRIE QUE EU DECIDA ASSISTIR?! Perdão, é o desabafo falando mais alto. Oberyn Martell não foi somente mais um nome em "Game of Thrones", ele era A PRESENÇA. Dentre todas as mortes chocantes da série — e olha que tem uma lista longa e traumática — a de Oberyn foi a que mais me quebrou. Chorei horrores naquela cena; não apenas pelo personagem que se foi, mas por tudo o que ele poderia ter sido. Ele tinha tanto potencial, sabe?
Pedro Pascal, você continuará sendo o rei por onde quer que e ou esteja.

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