☆ Grimório Esquecido ☆

Lembranças de um Grimório Esquecido: Fragmentos de um Saber Pessoal.

Em algum momento da vida, muitos de nós já tivemos um grimório — um arquivo íntimo e sagrado de conhecimentos, símbolos e práticas. Um espaço onde a experiência mágica se organiza e ganha forma por meio da escrita, do desenho, da reflexão e do gesto.

Mas o que acontece quando esse grimório se perde?

  Quando as páginas, ou mesmo todos os registros, deixam de estar ao alcance das mãos, restando apenas as sombras de sua existência?

A experiência de um grimório perdido

Ter tido um grimório e não mais possuí-lo é carregar uma espécie de ausência tangível.

Ele não é apenas um objeto material, mas um campo de sentidos, memórias e energias que permanece, mesmo que fragmentado.

  Esse espaço, outrora preenchido com construtos — sejam palavras, diagramas, símbolos ou rituais — continua vivo na memória emocional e intuitiva, ainda que os detalhes concretos se tornem cada vez mais nebulosos.

Fragmentos que permanecem

Ao revisitar mentalmente esse grimório esquecido, muitas vezes restam apenas fragmentos dispersos:

- Imagens vagas, como um símbolo rabiscado na margem ou uma frase enigmática.

- Sensações ligadas ao ato de escrever: a textura do papel, o silêncio do momento.

  - Palavras soltas, que pareciam significar muito, mas hoje se apresentam confusas.

- Uma sensação profunda de um espaço sagrado — um refúgio interior que era habitado por uma energia própria.

  Esses fragmentos não são falhas, mas pistas. Eles revelam o quanto o grimório foi uma extensão de sua própria essência: um espelho do seu mundo interior.

A saudade como um convite

Sentir saudade do grimório perdido é experimentar o desejo de retornar a um estado de criatividade e autoconhecimento que se acreditava ter deixado para trás.

Não se trata apenas de recuperar um objeto, mas de reconectar-se com a força que o criou.

  Essa saudade funciona como uma ponte entre o que foi e o que ainda pode ser: um convite para o reencontro consigo mesmo e com a sua magia pessoal.

O que a perda revela?

  Perder o grimório pode revelar aspectos importantes do processo mágico:

- A efemeridade da experiência, que muitas vezes não se prende ao material.    

  - A importância do registro interno, da memória sensorial e emocional, que sustenta o saber mesmo quando o objeto desaparece.

- A necessidade de transformação e reinvenção, pois a ausência física abre espaço para uma nova criação. O potencial do reencontro e da recriação.

Ainda que os detalhes estejam esquecidos, é possível reconstruir um novo grimório a partir dos ecos que restam:

- Escreva livremente sobre o que lembra, sem buscar coerência imediata.

- Resgate símbolos, palavras e imagens que trazem significado, mesmo que fragmentados.

- Permita-se criar um espaço novo, que dialogue com o ado, mas que também seja uma expressão da sua presença atual.

- Valorize o processo tanto quanto o resultado — o ato de reescrever é também um ritual de reinvenção.

Lembrar de um grimório esquecido é tocar as raízes de um saber pessoal que não se perde completamente.

  Mesmo fragmentado, esse saber pulsa dentro de você como uma chama que nunca se apagou — um convite para continuar a escrever, criar e transformar.

E você?

Já teve um grimório, diário ou caderno de magia que se perdeu no tempo?

Quais fragmentos ainda vivem em sua memória?

Compartilhe nos comentários — às vezes, ao nomear o esquecido, damos início a uma nova criação.

Texto Autoral.

Imagens: Pinterest.

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