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:scroll: • Como ler os livros iniciáticos?

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"Os escritos antigos devem ser lidos com as chaves da interpretação simbólica, pois apenas assim seus segredos serão desvelados."

(Helena Blavatsky)

— Esses dias eu resolvi por mim mesmo começar a leitura do "Corpus Hermeticum", livro de autoria atribuída a Hermes Trismegisto. Um livro bastante codificado e reflexivo, que exige bastante reflexão para ser entendido e ter seus conhecimentos postos em prática. Mas ainda nas primeiras páginas eu percebi: Se eu apenas ler isso como quem lê qualquer livro de histórias fantásticas eu não vou aprender o que está escrito aqui de verdade.

— Pensando nisso, pesquisei sobre o mesmo e me dei conta: Livros como esse foram escritos em estágios mais elevados de consciência, principalmente por se tratarem de mitos. São livros oraculares e muitas vezes podem ser interpretados de várias maneiras dependendo do fim e das necessidades de seu leitor em diferentes épocas da vida.

— Por esse motivo decidi pesquisar formas de extrair conhecimento dos livros iniciáticos e decidi por fim trazer a todos o que pude aprender. Sigamos com o conteúdo.

O que é um "livro iniciático"?

— Para começar já colocando os pingos nos i's precisamos ter ideia da razão pela qual estes livros existem e quais são os seus propósitos.

— Assim como as histórias épicas dos nórdicos, os contos de queda e ascensão dos hebreus e as histórias sagradas dos deuses wiccanos os livros iniciáticos transmitem mensagens das várias camadas da realidade e sua missão é trazer a sabedoria dos grandes mistérios através do simbolismo. Por isso, lembremo-nos: Através do discernimento e da reta intenção, cada um de nós iremos obter respostas diferentes de uma mesma história.

— Estas respostas podem pertencer aos mais diversos fins, seja de algo relacionado a nossa vida cotidiana, a nosso propósito maior, a entender alguma dificuldade que temos e assim por diante. Por isso atribuímos a análise e reflexão destes textos o nome de "estudo oracular", pois os segredos do simbolismo chega até nós de acordo com aquilo que o Todo deseja revelar para nós naquele momento.

— Por este motivo temos escolas iniciáticas das quais mantém textos sagrados por vários séculos. Isto não é uma questão apenas de tradição, mas também uma questão de sabedoria. Esta nunca cessa a todos que dessas fontes bebem. E por isso esses textos são tão prestigiados e reiterados por tantas tradições com o ar dos anos.

— Estudar um livro iniciático é adentrar um santuário de palavras, onde o leitor não se depara apenas com informações, mas com portais. São textos vivos, que se transformam de acordo com o grau de percepção de quem os lê. Muitos foram escritos em épocas em que o conhecimento era velado, ível apenas aos que tinham olhos para ver. Por essa razão, sua leitura demanda mais do que uma mente afiada: exige um coração preparado e uma alma disposta a atravessar as camadas do simbolismo.

— O estudo da tradição esotérica não é uma tarefa moderna. Desde os primeiros homens que olharam para o céu e viram nos astros mais do que meros pontos luminosos, a humanidade tem buscado decifrar os mistérios do universo por meio de narrativas, mitos e doutrinas sagradas. Compreender esses textos como chaves de iniciação é fundamental para não cair na armadilha de tomá-los como meras fábulas. E aqui, antes de prosseguir, lanço uma reflexão: quantos foram os que, ao desprezar o simbolismo, perderam-se na esterilidade da leitura superficial?

— Mas como extrair tamanho conhecimento de um texto tão complicado e enigmático?

Objetivo

— Você já parou para se perguntar qual seu propósito e necessidades ao interpretar estes escritos? Quando se lê um texto oracular sem nenhum objetivo em mente se age como um buscador sem objetivo com um mapa. Este tem o meio, mas não o objetivo. Desta forma, também não terá caminho a seguir. Assim diz o gato de Cheshire no conto de Alice:

Alice: "Gato de Cheshire, pode me dizer, por favor, que caminho devo seguir daqui?"

Gato de Cheshire: "Isso depende muito de para onde você quer ir."

Alice: "Eu não me importo muito para onde..."

Gato de Cheshire: "Então não importa que caminho você tome."

Alice: "...desde que eu chegue a algum lugar."

Gato de Cheshire: "Oh, isso você certamente conseguirá, se caminhar o bastante."

— Tenha um objetivo em mente, e a leitura certamente lhe será útil. Mas claro, não se cruza um oceano descalço e nem atravessa o solo com um barco. Certamente, além do caminho, temos meios mais convenientes para trilhá-lo. E que meio mais conveniente para se ler um livro iniciático, além de estar alinhado com a tradição de onde ele veio, teríamos senão entender a linguagem simbólica como um texto? Sigamos com uma breve explicação.

A linguagem simbólica

— A linguagem simbólica é a forma de comunicação utilizada nas tradições esotéricas para transmitir conhecimentos profundos e universais de maneira velada. Em vez de expor diretamente conceitos espirituais e metafísicos, ela utiliza símbolos, metáforas, arquétipos e analogias para codificar verdades ocultas, íveis apenas àqueles preparados para compreendê-las.

— Estas podem ter os mais variados níveis de compreensão, desde algo mais simples (como a parábola do filho pródigo) até um sentido mais amplo (como a tábua de esmeralda).

— Os níveis de codificação de seus significados visam separar os diferentes tipos de leitores para a segurança do buscador ou da própria tradição. Muitas, inclusive, propositalmente confundem e cegam leitores com intenções desconexas de seus propósitos, porém, isto será pautado mais pra frente.

— Os diferentes tipos de linguagens simbólicas possuem certas características em comum cujo entendimento é necessário para a compreensão dos textos. São eles:

Linguagem polissêmica: Um único símbolo pode ter múltiplos significados dependendo do contexto, da tradição e do nível de entendimento do intérprete. Exemplo: A serpente pode representar conhecimento oculto (Kundalini, Sabedoria) ou engano e perigo (como na Bíblia).

Linguagem atemporal e universal: Diferentes civilizações desenvolveram símbolos similares para expressar as mesmas realidades espirituais, pois refletem princípios universais.

Linguagem iniciática: A compreensão dos símbolos cresce conforme o buscador avança em seu caminho espiritual, revelando progressivamente novos níveis de significado.

Velada e protecionista: Serve para ocultar verdades espirituais dos não-iniciados, protegendo-as de interpretações errôneas ou profanação.

— Tais critérios não são impostos a leitura iniciática, mas derivados da mesma. Muitos dos conceitos presentes nos livros exigem além de conhecimento prévio, a vivência dos mesmos. Como posso eu destrancar a chave oculta de um verso sobre a resiliência sem tê-la expressado de alguma maneira em minhas ações? As portas da resiliência estão abertas apenas para o resiliente. Em contrapartida, as chaves do desistente estarão abertas para mostrá-lo suas fraquezas e o caminho para que este, em si mesmo, encontre o equilíbrio em suas virtudes.

— As chaves dos grandes mistérios não estão fora de nós. Muitas vezes o buscador se confunde, pois fecha seus olhos a realidade e se perde em suas próprias ilusões. Dessa maneira, a leitura iniciática perde seu valor como algo que tem muito a agregar-lhe nos diferentes âmbitos de sua vida e a a ser uma ferramenta poderosa da ilusão, levando este ao caminho da insanidade. Por essa razão tantos autores alertam no começo de seus livros que o buscador deve estar com o coração e as intenções puras.

— Esse é o poder da linguagem simbólica: trazer átona aquilo que está oculto dentro de nós. E por essa razão ocorrem diversos fenômenos em grupos religiosos que sempre terminam em diferentes tragédias.

— Neste ponto já compreendemos que o simbolismo exige cuidado e discriminação da parte daqueles que se aproximam do mesmo. O simbolismo não irá revelar as verdades ocultas aos maus, mas ilusões. Portanto, aqueles que buscam o caminho da iniciação devem estar em constante reforma interior para compreender o universo. Sem isto, todos se perderão em seus próprios caminhos. Acreditarão que estão evoluindo, mas estarão submersos nas trevas.

— Concluindo este tópico, tenhamos algo em mente: Todas as sabedorias extraídas da iniciação são chaves. Estas chaves rodeiam todo o simbolismo e são íveis a todos os que necessitam e buscam estas chaves. E que chaves seriam estas? Sigamos.

As Chaves dos Grandes Mistérios

— Cada chave 'destranca' uma nova sabedoria oculta. Mas para á-las é preciso saber qual fim você busca atingir. Com o objetivo definido você pode criar os mais diversos rituais para a sua leitura, seja limpar bem a sala, acender velas, colocar uma música, etc. Deve-se estar com a mente esvaziada e esclarecida nestes momentos. Após isso, esqueça momentaneamente seu objetivo e deixa que sua mente apenas receba a sabedoria que lhe for revelada.

— Reflita cada verso, visualize, torne-o vívido e escreva sobre ele da maneira que achar melhor. Isto deve ser algo completamente pessoal e você deverá tratar da forma que achar melhor.

— Quando você conseguir assimilar algum ponto extraído de sua leitura que irá lhe agregar conhecimento, emoções ou algum pensamento que você considerar útil, parabéns! Você desbloqueou uma nova chave!

— Deve-se ter uma relação de amor e alegria com esta nova sabedoria. Ela irá lhe guiar durante as tempestades e lhe dará o poder de mover montanhas! Irá lhe dar a magia que fará voar em um tapete mágico e transformar chumbo em ouro.

— Assim diz Eliphás Levi: “A imaginação é o instrumento da adaptação do Verbo.”. Não se deve jamais estar inseguro quanto ao conhecimento assimilado através da leitura iniciática, mas sim dos meios usados pelo seu inconsciente de traduzir tal conhecimento para sua compreensão.

— Através da imaginação moldamos e nos comunicamos com todos os planos. E através dela recebemos conhecimento não apenas iniciático, mas também das próprias ciências tradicionais reconhecidas pelo meio acadêmico. Através da imaginação aprendemos matemática e através dela aprendemos e praticamos todo o campo da linguagem.

— Porém, se a imaginação traduz ao buscador um desejo egoísta ou maléfico, esta chave sombria lhe servirá ao mesmo apenas para este fim e apenas para esta direção o guiará.

— As chaves também podem ser divididas em certos grupos, dos quais muitas vezes certos buscadores os usam para ler e dividir a leitura de um mesmo texto sagrado por vez. Falaremos um pouco sobre algumas delas.

Literal: Interpretação direta e objetiva do que está sendo lido, sem buscar significados ocultos.

Chave psicológica: Interpreta o ocultismo como um reflexo do inconsciente humano. Símbolos, arquétipos e mitos representam estados psicológicos e processos internos.

Moral/Etica: Extrai lições e princípios práticos para a vida cotidiana.

Pragmática: Examina a utilidade prática da informação no dia a dia.

Histórica: Contextualiza a informação dentro do tempo, lugar e cultura onde foi criada.

— Como podem ver, a leitura iniciática serve para os mais diversos fins e pode ser adaptada conforme as preferências e necessidades do buscador.

Conclusão

— Chegamos ao fim de mais um blog. Espero ter-lhes ajudado agregando conhecimento em suas jornadas.

— Este é um caminho infinito e sem volta. Uma vez que cada porta é aberta, tal não poderá mais ser fechada. Cabe a você, leitor, decidir o que fará com cada presente extraído de seu subconsciente!

— Que este estudo tenha sido uma centelha de luz em seu caminho. Lembre-se: o verdadeiro conhecimento não está apenas nas palavras, mas na forma como elas transformam sua percepção e sua vida.

— Cada chave que você adquire não é um fim, mas um convite para um novo começo. O simbolismo, quando bem compreendido, não apenas revela verdades ocultas, mas também desafia a mente e o espírito a crescerem além do que antes era concebível.

— Agora, a jornada continua. Que suas leituras sejam portais para sabedorias profundas e que sua intuição seja a bússola que o guiará na travessia do grande mistério!

(autoral)

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Bom dia!

Muito pertinente. O texto ressalta algo que é de suma importância: a paciência, o desejo de aprender e a subjetividade na compreensão do simbolismo — além do trecho de Alice no País das Maravilhas em torno da jornada individual.

:rose:

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1 Reply April 04

:triangular_flag_on_post: Preciso que coloque o link direto da fonte abaixo do texto. Caso seja autoral, colocar "fonte: autoral".

Caso seja livro, colocar "livro:nome do livro"

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1 Reply March 29
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