ALÉM TUMULO. EP. 03

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EU E MEU AMIGO KENY.

E lá vamos nós

Mais uma vez caçando a direção

Talvez esteja num grão de arroz no último pote duma dona no sertão

Talvez não

Meio que peguei isso

Me empreguinou

o a escrever e o Keny grita querendo dar um eio

Assim mesmo

Sem caneta, sem papel, sem receio

Ele se ou por guarda

Parou o Lan John na alfandega dos dedos numa madrugada

Levou ele pra salinha de segurança e o matou com um pé de cabra

Desmembrou seu corpo

O distribuiu em algumas malas

E despachou pra privada

Não o conheço bem

É uma mistura de poesia, morte e sarcasmo

É maluco como alguém que entra num hospício é faz todos receberem alta

Mas da vasta desvantagem de ter me possuido

Me alerta quando percebe as piscadas do diabo

Elas têm vindo com mais frequência

E se estou meio desligado

Keny está sorrindo e dando o dedo pras tochas de almas gritantes que tem nós rodeado

Tenho seguido meu caminho

Fazendo novos planos

Enquanto Keny pedi um cigarro a cada paço pro lado de fora

Quando paro na frente do espelho

Ele grita com minha boca

Toma posse do meu cérebro

E me encentiva a jogar cinalizadores verdes no meu coração roxo e ecoante

Minha mente nem sempre tão lúcida, fértil e paranóica está mais pilhada do que nunca

O mundo que me rodeia tem me dado uma moeda de um e uma nota de cinco

De um em um VRUUM

De cinco em cinco END

Segue o show

As cortinas abertas

A platéia armada me olhando com ódio

Com charutos nos lábios

Keny tem andado lúcido

E eu venho fazendo um espetáculo

Morrendo todo final de capítulo

Surgindo quando o roteirista cansa de ficar só coçando o saco

Uma inconstância na guerra

Uma bandeira de paz cheia de buracos asteada no velho tanque que segue

A sede continua por um gás que me faça levantar e dar um riso

É escapar ou ser pegô

Se expressar ou sofrer

Encarar ou se esconder

Viver ou morrer tentando fazer tudo isso ter algum sentido.

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