#Ravenclaw

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"Do frio erguem-se os corações mais quentes"

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Parte I

O Atrasado

  ➤ Durante o Concílio que construiu as fundações da Ágora Continental, além das três majestades presentes, havia mais uma potestade convidada para integrar a mesa. Contudo, apesar de esperarem por sua chegada, ela não apareceria naquele dia. Quando o nome do Clube de Wales já ecoava pelo continente, a atrasada potestade chegou ao local de encontro, encontrando apenas os responsáveis pela segurança do recinto.

  ➤ Esse era o soberano das terras congeladas, um domínio distante, localizado no extremo norte de Wales. Estranhamente, o Nume do Gelo sequer desceu de sua carruagem, onde permaneceu dormindo, agarrado com conforto ao seu inseparável travesseiro. Com a notícia de que a reunião e os contratos já estavam concluídos, a comitiva partiu em retorno para o norte, retomando o calmo e confortável balançar das rodas sobre a terra fria.

  ➤ De volta à sua terra natal, o Lorde do Gelo recebeu a visita pessoal do então nomeado Majestade da Blasfêmia. Ele foi ao seu encontro voando por sobre as montanhas que circundam as terras brancas e gélidas. A potestade que esteve presente na fundação do Clube agora se reunia com aquele que se atrasou devido à sua intensa preguiça, trazendo consigo a aprovação unânime das demais soberanias.

  ➤ Assim foi entronizado o Rei Sonolento da Acídia como a mais nova Majestade, carregando consigo o legado e o poder de Majestade da Acídia, Soberano do Silêncio, Pai das Cavernas e Lorde do Gelo, regente e protetor dos domínios do norte, além das incríveis montanhas nevadas.

  ➤ Apesar de inicialmente ser considerado um Original, devido à sua ausência durante a reunião fundacional, Takara foi designado como a primeira entidade Eleita. Este é o sufixo concedido àqueles que se tornam soberanos reconhecidos após a fundação do Clube de Wales.

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"O ócio é o tempo do sábio entender a sua mente e a natureza da vida"

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Parte II

Reino Congelado da Acídia

  ➤ Das localidades do extremo norte, dominadas pela nevasca, por avalanches ceifadoras de vida e por montanhas emergentes cujos picos se escondem em meio à névoa branca, habita uma potestade que comanda um dos maiores territórios em terra contínua. Cercado por lagos congelados e tundras horripilantes, esse é o domínio da Terra do Eterno Branco, onde a letargia embala os poucos habitantes que possuem coragem de viver em um local tão inóspito. Considerado um deserto de gelo implacável e silencioso, o som dos fortes ventos ecoa como uivos de uma alcateia, entoando o terror e a morte iminente àqueles que ousam pisar no solo esbranquiçado que impera em todas as suas regiões, onde a temperatura média mergulha facilmente nas profundezas negativas do termômetro.

  ➤ Seria impensável imaginar uma sociedade prosperando em tal ambiente. No entanto, desafiando todas as probabilidades, um povo sobrevive de forma pacífica, escondido nas partes mais profundas da terra. Conhecidos por sua alta letargia, não é raro vê-los dormindo tranquilamente em casas construídas no interior de enormes túneis sob as montanhas geladas. Ali, a temperatura se torna apropriada à vida humana, e a pouca luz natural é aproveitada ao máximo. É nas cavernas que esses cidadãos edificam suas vidas sob a proteção de sua potestade soberana, Takara, o Pai das Cavernas.

  ➤ O Reino Congelado da Acídia sobrevive da caça e da mineração. Também é renomado por sua excelência na arte da costura e fabricação de vestimentas, produzindo os tecidos mais resistentes de todo o continente, utilizados tanto em trajes cotidianos quanto sob armaduras de guerra. A matéria-prima é retirada dos profundos veios de minério que percorrem o fundo cavernoso da Acídia. A dieta local é centrada na carne de mamute e na colheita de cogumelos cultivados nas zonas úmidas do subterrâneo, considerados tanto a fonte de energia quanto a causa da notável letargia que marca a população.

  ➤ Além disso, a cultura acidiana é profundamente entrelaçada com a presença de temíveis lobos. Cada cidadão, desde seus primeiros dias de vida, é ligado a um familiar protetor. Esses lobos acompanham seus humanos por toda a existência, auxiliando na caça e servindo como meio de transporte. É comum vê-los dormindo juntos, utilizando os lobos como travesseiros ou cobertores, revelando a intensa interdependência entre as espécies. Há relatos de que se comunicam como se compartilhassem uma linguagem secreta, e por isso são conhecidos como "Dois em Um", pois não são duas criaturas distintas, mas uma só alma em dois corpos.

  ➤ As tropas defensivas do reino são compostas por aqueles cuja conexão com seu familiar atinge o ápice da simbiose. Juntos, lutam como um único ser em combate, e são os principais responsáveis por proteger a soberania da Acídia. Em tempos ados, muitas foram as tentativas de invasão. Contudo, a terra embranquecida permaneceu inviolada. Em diversas ocasiões, venceu sem sequer enfrentar seus inimigos diretamente, permitindo que fossem ceifados pelas nevascas brutais, pela fome e pelo frio, perdidos nas vastidões de gelo.

  ➤ Assim, o longínquo Reino Congelado da Acídia permanece invicto desde sua fundação, uma joia escondida sob o branco eterno, guardada pela preguiça, pelo gelo e pela força silenciosa do povo que dorme em paz.

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“Na terra onde o frio cala e o tempo adormece, floresce um povo que fez do silêncio sua fortaleza e da letargia, sua coroa.”

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Parte III

O Dois em Um

  ➤ O legado do povo acidiano também pode ser presenciado no estandarte da Nação, o símbolo que estampa bandeiras e papiros sagrados. O “Dois em Um” exemplifica a existência dual entre o espírito e o mundo externo. É a manifestação da cultura que une o ser humano ao seu familiar canino. Representa a proteção, mas também a unidade da alcateia, a interconexão entre os seres em uma única mente coletiva. É o reflexo da tranquilidade e do equilíbrio, onde a defesa caminha lado a lado com a voracidade. As cores que o compõem falam por si: o branco e o azul expressam a calma, o vazio e a esperança; o escuro traduz a melancolia, o apego e a preguiça, compondo assim um poderoso signo do Reino Congelado da Acídia.

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“Ao tremular do estandarte, dança o espírito de dois corações fundidos em um só silêncio — onde o homem e o lobo partilham a alma, e a bandeira sussurra a paz nas cores do frio.”

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Parte IV

Wolguim, o Lobo Dividido

  ➤ Wolguim é o guardião pessoal da Majestade da Lassidão. Foi ele quem guiou o jovem príncipe Takara ao trono da maior nação em terra contínua. Anteriormente, o Reino Congelado da Acídia era governado por um velho rei, tirânico e expansionista, cuja ambição o levou a explorar as profundezas das cavernas sagradas, implodindo-as e provocando desastres climáticos catastróficos por toda a região. Com a destruição das rotas naturais e o colapso de ecossistemas subterrâneos, os minérios começaram a escassear, mergulhando o povo em miséria e abandono.

  ➤ Enquanto o palácio real e os nobres continuavam protegidos no interior das cavernas impenetráveis, o povo sucumbia ao frio cortante e às tempestades que se tornavam cada vez mais constantes. A população clamava por socorro, e, em um último grito de desespero, insurgiu-se contra os portões da caverna real. Acompanhados por seus familiares, os cidadãos romperam as defesas exteriores, derrubando alguns guardas em sua marcha rebelde. Mas então, o terror emergiu.

  ➤ Do interior de um lago congelado próximo ao local, uma figura colossal se ergueu, o guardião do rei, um Pinguim Boreal envolto em poder. Trovões brancos rasgavam os céus, lançados por sua vontade. Cada raio devastava o solo, provocando tremores e avalanches que sepultavam vivos os filhos da Acídia. A criatura destoava da alma da cultura acidiana, que há séculos reverenciava os Lobos das Neves como espíritos protetores. Entre esses dois seres, pinguins e lobos, havia uma rivalidade ancestral. A Acídia fora, por eras, dividida: ao norte, lagos e neblina pertenciam aos pinguins; ao sul, thundras e montanhas eram domínio dos lobos.

  ➤ O antigo rei era herdeiro de um clã quase extinto, os Wargs do Lago, uma linhagem que outrora dividiu a soberania do norte com os Pinguins Boreais. Porém, com o ar das gerações, o poder ou gradativamente ao Clã dos Wargs da Neve, alinhados com os lobos. No reinado do velho monarca, os cidadãos que se uniam aos lobos eram marginalizados, forçados a sobreviver nas regiões externas, enfrentando o rigor do frio e do abandono. Em contrapartida, aqueles que se ligavam aos pinguins recebiam abrigo e privilégios nas cavernas reais.

  ➤ No dia da revolta, uma guerra civil eclodiu. Diante do massacre iminente, Takara e seu familiar Wolguim se lançaram à batalha ao lado dos oprimidos. Takara, um exilado da corte, havia escapado para as montanhas geladas durante o sangrento início do reinado do tirano. Ali, em silêncio, ele aguardava o momento certo para agir. Seu familiar havia alcançado o ápice do poder, e o tempo da justiça enfim chegara.

  ➤ Uma batalha divina tomou forma diante da caverna real. O povo fugia, e os guardas recuavam, protegendo o rei em seu refúgio subterrâneo. O Pinguim Boreal rugia com trovões e expelia esferas de energia branca que explodiam como miniaturas de sóis, destruindo tudo ao redor. Mas Wolguim, veloz e astuto, dançava entre os ataques, escalando as colossais montanhas como se fossem galhos de árvores. Do alto, aproveitou-se da incapacidade do pinguim de mirar para o céu. Em um salto certeiro, cravou suas presas no crânio do inimigo, dilacerando sua carne como um predador ancestral abate sua presa.

  ➤ Enquanto isso, Takara adentrava a caverna com os calmos, congelando o solo a cada toque de seus pés. Em seu braço, carregava seu inseparável travesseiro. Um bocejo largo moldava seu rosto, indiferente ao caos que se desenrolava ao redor. Ele não precisava de força bruta, sua força e apatia formavam uma presença inabalável. O rei tirano, diante dele, não teve chance. Foi facilmente derrotado e eternamente congelado pelas forças do jovem príncipe, que então ascendia como a nova potestade do Reino Congelado da Acídia.

  ➤ Sob o comando de Takara, a liberdade retornou às cavernas. Os membros do Clã Neval, há tanto tempo marginalizados, puderam enfim se reunir com seus familiares e habitar as profundezas. A capital se reergueu, os túneis voltaram a pulsar com vida, e a estabilidade foi restaurada. Assim, nas terras do eterno inverno, a letargia e a paz voltaram a reinar.

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Wolguim, o Lobo Dividido

VS

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Pinguim Boreal

"Quando a neve cobre o mundo e a tirania se abriga nas profundezas, é na lassidão do justo e na fúria do esquecido que renasce o equilíbrio — pois até o frio reconhece a voz de quem espera em silêncio pelo momento de agir."

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Parte V

A Coroa Neval

  ➤ Após ser empossado como o mais novo Rei da Acídia, Takara decidiu abandonar o símbolo de monarquia que havia sido utilizado até então, demonstrando, assim, um gesto de rompimento com o antigo regime tirânico. A nova coroa foi forjada com minérios encontrados no interior da caverna real, tendo sua fabricação realizada em uma terra longínqua, mais precisamente pelos mestres forjadores da Nação Costeira de Ufanyr, como um presente das potestades de Wales por seu novo domínio. Assim, ergueu-se em força e legitimidade a nova Majestade da Lassidão, o Soberano do Silêncio, Takara, o Lorde do Gelo.

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"A verdadeira força de um rei não se mede pelo peso de sua coroa, mas pela serenidade com que conduz seu povo através do silêncio das tempestades."

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Parte VI

A Yukiōkami

  ➤ A leveza de uma arma que exemplifica os poderes da potestade gelada, com uma natureza única. Essa lâmina, quando brandida, é acompanhada por um aspecto misterioso. Quando corta um alvo, o ato é seguido por um silêncio mortal. Dizem que, caso uma árvore fosse derrubada por seu corte, ela não causaria qualquer som durante a queda.

  ➤ Além do aspecto sonoro, seus poderes transcendem o comum. Eles tocam o próprio tempo: aqueles que morrem por sua lâmina são atingidos por uma desaceleração temporal, permitindo que visualizem seu corpo se partir vagarosamente, como uma punição final. Esse momento é estendido para que possam se arrepender de seus pecados.

  ➤ Quando manuseada no ar, a atmosfera se torna gélida, e a temperatura ao redor despenca drasticamente, formando fragmentos de gelo suspensos. Ao atingir um alvo resistente, como um escudo ou uma defesa excepcional, seus poderes se revelam por completo: uma contaminação congelante começa a dominar o objeto atingido, petrificando-o pouco a pouco.

  ➤ Não há defesa que resista a tamanho poder. É uma arma lendária de nível continental, e ainda assim, mantém um tamanho enxuto e uma leveza impressionante. É a fusão do ápice da perfeição em uma única lâmina.

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"A lâmina do silêncio não apenas corta a carne, mas separa o tempo do arrependimento, pois diante do frio eterno, até o pecado deseja recuar."

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Parte VII

A Lassidão

  ➤ A persona da preguiça e do ócio, o retentor do erudito, a Majestade da Lassidão ergue seu reinado com base na estabilidade da mente. Traz para si os significados do equilíbrio entre as forças positivas e negativas, é aquele que caminha entre as Terras do Crepúsculo e o Vale da Aurora. Compõe em si, na jovialidade, a sabedoria em ascensão. Também rege os laços de amizade e aliança formados em conluio com a sabedoria ou a traição, a fim de alcançar um único propósito, mesmo que desconhecido.

  ➤ Aquele que controla nossos sonhos, o entorpecimento da mente pela imaginação, senhor dos planos e do futuro, lorde da distração — seus poderes provêm do inconsciente, da nebulosa intuição humana, capaz dos maiores feitos em batalha. É a surpresa, a fortuna dos azarados ou abastados, é o equilíbrio das forças e o imperdível zelo pelo lembrete de que o descuido é a causa da ruína. Mas também é o apelo ao pêndulo da esperança perante a derrota. Inquebrável aspiração, que conduz os pensamentos que um dia inspiraram ações triunfantes. É o revés e o inacreditável que carregam as aleatoriedades do cotidiano. É o incomensurável potencial das habilidades distintas de cada indivíduo, o poder da mudança guardado em nosso espírito através do intelecto viciado pelas sensações da quietude.

  ➤ Seu símbolo representa as duas naturezas da Lassidão: a preguiça pela ação e o ócio pela sabedoria. Representa o equilíbrio advindo do espírito, a busca incessante pelo descanso. Seu animal protetor conduz sua força displicente. Por entre as névoas, lobos de cores dicotômicas aparecem para subjugar um dos lados em atrito. É a voz final e presunçosa, o atraso manifesto pela indecisão inicial. Porém, de força esmagadora, não permite que a dor se prolifere, e suas garras rasgam os que ainda permanecem desobedientes em sua presença.

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"A lassidão não é a ausência de movimento, mas o momento sagrado em que o espírito recua para encontrar a verdade entre o silêncio dos pensamentos."

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Takara, a Lassidão

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