Apelo

Daqui a pouco, só restará

você e seu arsenal de defesas dentro desses muros.

Nada mais lhe afetará — nem sequer afetos,

amores ou inimigos.

Para experienciar um resquício do que é ter um laço,

você se dedicará a um cão, a um gato,

a um peixe-beta ou periquito.

Seus fantasmas continuarão se deitando contigo.

Para eles, os muros que te protegem não fazem sentido.

A amargura que sentes do ado te descompensou,

lhe tornou um espectro do que um dia foi.

Sua resposta foi delimitar seu espaço, se cercar.

Você continua indefesa — você apenas se emparedou.

E assim, afasta até quem lhe quer bem.

Você se perdeu tentando se autopreservar.

E, pelo jeito, assim vai seguir,

ao menos que, por algum acidente do acaso,

desça sobre você uma luz

e lhe convença a se desarmar,

ao menos para me deixar entrar.

Ok, eu sei que sou um sujeito presunçoso.

Mas estou repleto de amor

e acho que sou forte o bastante

pra lhe servir de porto seguro.

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