O que se faz ao abrir um livro novo?
As páginas tremem, não de vento,
mas de tudo o que ainda não sei.
Lê-se devagar, mas as perguntas correm.
O que é certo?
O que é engano?
O que se esconde por trás das frases que parecem inocentes?
Imagino finais que não estão escritos,
capítulos que talvez nunca venham a existir.
E ainda assim, volto páginas
como quem procura ar.
Folheio
mais e mais.
Não sei se fujo, ou se me aproximo
de algo que nunca pedi.
Este livro: feito de silêncio,
de entrelinhas,
de espelhos,
será a minha perdição.
E continuo a lê-lo.
Não por curiosidade,
mas porque já não sei como o fechar.
Porque algumas histórias
não querem acabar:
querem apenas começar.

Comment