Renascida das Sombras

No abismo frio onde o silêncio sangra,

Eu me torno espectro, me torno fúria e vingança.

O veneno das palavras envenena o ar,

Mas no núcleo do tormento começo a me forjar.

Ele ameaça com fogo, mas sou sombra que não cede,

Um lobo solitário que a noite inteira sucede.

Lavo as marcas, lavo a dor com sangue escuro,

Nas trevas mais densas, me encontro no muro.

Não sou presa do grito que ecoa no peito,

Sou cinza, sou fogo, sou o medo desfeito.

Da fumaça do caos, brota um aço frio,

Amadureço na dor, renasço no vazio.

Sou a tempestade que rompe o breu,

O trovão que anuncia: já não temo o céu.

Das cinzas me ergo, sou morte e semente,

No final da noite, sou vida presente.

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