Contos da Casita - Capítulo 5

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𝜗♡𝜚: Oii pessoal! Tudo bem com vocês? Chegando aí mais um capítulo da história! 🤩

𝜗♡𝜚: Esse capítulo não foi baseado no RPG em si, foi mais pra trabalhar uma ideia. E bom... Já aviso que ele toca em temas sensíveis que podem ou não dar gatilhos em algumas pessoas.

𝜗♡𝜚: Tirando isso, ta tudo certo. :blush: Tenham uma boa leitura e não esquece de deixar sua opinião nos comentários, ta bom? Te vejo no final do blog!

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ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 5:

𝑈𝑚𝑎 𝑉𝑒𝑙ℎ𝑎 𝐴𝑚𝑖𝑔𝑎

Era feriado, não havia escola naquele dia e Star estava de folga. Seus tios estavam muito ocupados com seus afazeres de adultos, então ela decidiu fazer o que mais gostava quando se sentia chateada: brincar com seu cachorro, Clifford.

Clifford era um cão peculiar. Apesar de ainda ser um filhote, ele tinha o pelo todo vermelho e 3 metros de altura.

Desenho do Toffee

Era divertido brincar com ele, ou simplesmente se encostar em seu pelo pra relaxar.

Naquele dia, porém, Star resolveu fazer algo diferente.

Sua mente ainda estava enuviada pelas palavras de Cosmos, que pareciam a assombrar. "Você não é mais necessária aqui, será descartada logo, logo..."

É engraçado como uma coisa que parecia mentira, um comentário infeliz e cruel, de repente ou a parecer tão real e verdadeiro quanto uma criança poderia imaginar.

Pra Star, não era diferente. Não era difícil ela pensar em rejeição, quando sua própria mãe não a quis.

Moon nunca foi visitar Star ou sequer procurou pela filha pra saber como estava. Por conta disso, a garota acabou se apegando aos tios adotivos como família de verdade. O que tornava os comentários de Cosmos muito mais cruéis e dolorosos... E aquela estrela maligna sabia muito bem disso.

Tentando se livrar dos pensamentos negativos, Star montou nas costas de Clifford e resolveu ir ear bem mais longe com ele. Deixando os campos da Casita e indo dar um eio na cidade.

Caminhando pela cidade ela observava a alegria de Clifford que brincava alegre, farejando as árvores e olhando o mundo com curiosidade. Era reconfortante ver como ele se divertia de forma tão simples e inocente no meio de tantos pensamentos conflitantes.

Distraída olhando o cachorro, Star foi surpreendida por uma voz.

—Star?

A voz perguntou. A garota olhou em direção de quem chamava seu nome. Era Lyra, uma antiga colega de escola que havia se mudado e ido embora a algum tempo. Star não via ela a meses e pensava que não veria a amiga novamente. Lyra morava no orfanato da cidade, e havia sido adotada por um casal que morava na cidade vizinha, era tudo que Star sabia sobre a mudança da amiga.

—Star é você mesma? — Lyra se aproxima da garota com curiosidade e alegria.

—Lyra?! — Star desce das costas de Clifford e vai cumprimentar a amiga. — Que saudades! Pensei que não te veria de novo... Aliás, o que está fazendo por aqui?

—É uma longa história... — Lyra deu um suspiro cansado. — E esse amiguinho bonitão aí? Quem é?

A garota riu enquanto se aproximava de Clifford pra fazer carinho. O cachorro abanou a cauda, alegre e lambeu o rosto de Lyra, deixando ela encharcada.

—Esse é o Clifford, meu cachorro.

—Ele é bem grande, hein? — Lyra riu, limpando a baba do rosto.

—É! Heh! Ele ta crescendo mais rápido que eu... — Respondeu a garota loira com um sorriso, acariciando o focinho do cachorro gigante.

-Star, está tudo bem? Parece que algo a está incomodando...

-Oh, não! Estou bem, só estava pensando um pouco em algumas coisas, mas nada importante... Mas e aí, vai me contar por onde andou nos últimos meses?

-Claro! Só se você topar tomar um sorvete enquanto a gente conversa.

-Mas é claro! - Star responde, empolgada.

As duas garotas vão comprar um sorvete, em seguida, se sentam no banco da praça para por a conversa em dia enquanto apreciam a sobremesa gelada.

-É verdade, eu fui adotada por uma família. E dessa vez eu pensei que era realmente a minha família. Mas durou pouco tempo. Tipo, um belo dia, ela disse que iria me devolver pro orfanato porque eles estavam ando por "problemas financeiros", e ela disse isso com a maior normalidade do mundo. Ela tratou como se fosse a tarefa mais fácil do mundo: "Depois nós voltaremos pra te buscar..." Mas isso nunca aconteceu.

Lyra conta, voltando o olhar para os pés que balançavam no ar enquanto ela estava sentada no banco.

-Poxa, isso deve ter sido doloroso. - Disse Star ao ouvir a história da amiga.

Lyra faz uma pausa, e olhar pra Star com uma leve tristeza.

-É uma coisa estranha... A gente tem a expectativa, o sonho, de finalmente encontrar uma família, aquele lugar para chamar de "seu", sabe? E acaba sendo tratada como algum tipo de pet, que não se adapta a casa e é devolvido pro abrigo. A dor não vem de sentir que você foi esquecida. Vem da ideia de que... Você nunca foi realmente desejada. Como se fosse só um favor que as pessoas faziam, até que a "novidade" se perdesse.- ela dá uma risada amarga -  Sabe... A gente aprende a ser invisível para não machucar tanto. Porque, no fundo, você percebe que está só esperando para ser mandada embora, de uma forma ou de outra. E quando isso acontece... Já não te importa tanto.

Lyra desabafa com tristeza após revelar para Star que durante toda sua vida tinha morado em várias casas com várias famílias e sempre acabava sendo devolvida, por qualquer razão.

-A verdade é que os adultos até tentam adotar a gente, mas eles sempre preferem os pequenos...

Ela completa, com dor no coração, sabendo que foi recusada tantas vezes que agora suas chances diminuíam com o avanço da idade. O mais bizarro era que Star sentia que ava por uma situação parecida e Lyra sequer imaginava.

-Eu sinto muito em ouvir isso Lyra, você merecia uma família que te amasse de verdade.

Lyra a encara com um sorriso leve.

—Bom... Eu não posso reclamar muito, sabe? Pelo menos eu estive em casas onde a comida não faltava. Mas... Você aprende a ser leve quando sabe que não vai durar muito, né? Como uma visita que ninguém quer que fique muito tempo. - Ela dá um riso baixo, revelando que já havia se acostumado com o tratamento ou pelo menos tentava se acostumar e tornar aquilo tudo menos doloroso para ela.

Star fica quieta, tentando disfarçar, mas com um nó na garganta:

— Isso... Isso deve ser difícil. Eu não... Eu não saberia o que fazer. - Ela tenta desviar o olhar.

Lyra percebe a mudança, mas sem entender completamente:

— A gente se acostuma. - Ela faz uma pequena pausa e então continua. -  Só que, quando você vai embora, sempre fica essa sensação de que nunca foi suficiente para quem te recebeu, né? Como se o que você fosse já tivesse perdido a graça. Acho que... É mais fácil sair do que esperar ser mandada embora.

Star fica silêncio por um tempo, olhando para baixo, com as mãos apertadas:

— Não sei... Eu sempre tento ser boa o suficiente. Nunca quero ser um estorvo.

Lyra encara com curiosidade Star, e pergunta o que havia de errado. Star acaba finalmente revelando que a por uma situação parecida com seus tios, e que teme ser deixada de lado outra vez.

-Eu... Eu sempre tento ser boa pra eles, e nunca ser algo que eles olhem e pensem "porque fomos acolher essa garota?" Mas acho que a Cosmos tem razão, talvez eu não seja mais necessária agora... Eu... Eu tenho medo... Eu não sei o que faria ou pra onde eu iria se meus tios não me quiserem mais...

-E a sua mãe?

-Ela não me procura, acho que está até grata por eu ter saído da vida dela... - Star revela, e ao falar em voz alta, aquilo gera uma dor muito forte em seu coração. - Eu meio que só tenho meus tios... Ou pelo menos eu pensava que tinha...

-Eu sinto muito, Star. Não imaginava que você também ava por isso...

-Eu...  - Ela para por alguns segundos pra pensar. - Eu vou tentar fazer o melhor que eu puder, mesmo que não seja o suficiente. Mesmo que eu não... Não seja igual a eles, ou consiga fazer as mesmas coisas que eles fazem... Eu... Vou tentar ser ao menos "agradável", pra quem sabe ainda ter alguém que me queira por perto...

Ela disfarça o olhar, carregado de preocupação e dor.

-Star, não se force a ser o que você não é, pra ser "perfeita". Isso só torna tudo mais doloroso.

-Eu sei... Mas... A verdade é que... Se me expulsarem não tenho pra onde ir... Meus tios são tudo o que eu tenho...

Aquele era um momento muito grande de empatia entre Lyra e Star, ambas entendiam pelo menos um pouco a dor da outra.

-Star, eu tenho certeza de que isso não vai acontecer. Não com você. - Lyra tentava a confortar. - Seus tios te amam e te querem bem, e não é por que tiveram uma filha nova que não vão querer a sobrinha por perto. Você não é nenhum tipo de estorvo ou ameaça pra sua nova prima. Muito pelo contrário... Não deixa essa Cosmos fazer sua cabeça.

-Você... Acha? - Star pergunta, com esperança de que aquilo tudo seja verdade.

-É sim amiga, você vai ver. Vai acabar tudo bem.

As duas continuaram conversando por um tempo, até que acabou ficando tarde. Star precisava voltar para casa e Lyra para o orfanato. Pelo menos agora, Star sabia que a amiga estava bem. Ela revisava as palavras de Lyra sobre se adaptar a rejeição e também sobre seus tios a amarem e nunca realmente terem desejado se livrar dela. Mas e agora? O que ela deveria pensar?

Quem realmente teria razão? Alguém iria perceber o que estava acontecendo e intervir antes que fosse tarde de mais?

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𝜗♡𝜚: 𝑪𝑼𝑹𝑰𝑶𝑺𝑰𝑫𝑨𝑫𝑬𝑺:

• Logo no primeiro parágrafo, a gente vê Star chateada indo brincar com Clifford. E isso é um detalhe que eu realmente usei varias vezes mas acredito que ninguém tenha percebido o easteregg, então eu vou revelar agora:

Sim, no ado dos RPGs da Casita, diversos momentos em que eu estava chateada na vida real (ou Star no RPG), ela ia pra algum canto ficar com o Clifford. Seja pra brincar com ele ou só deitar em cima do pelo quente e macio.

Nem todas as cenas com o Clifford foram porque Star tava triste, as vezes, eu só queria brincar com ele mesmo. Mas sim, isso é verdade... Quando eu estava chateada com alguma coisa, eu ficava lá perto dele.

Agora vocês sabem desse detalhe escondido. :blush:

:tulip:

•Mas quem é Lyra? De onde ela saiu? Bom, funfact: Lyra é a protagonista de uma outra história minha, um projeto original, chamado "As Sombras de Aetheria". Que no momento está em pausa por eu estar planejando terminar as fanfics primeiro... Mas achei legal fazer essa referência secreta. Provavelmente ninguém nunca iria descobrir, a menos que já tenha lido os poucos capítulos publicados.

O encontro original aconteceu na floresta, na cena da busca pelo livro, como comentei no capítulo ado. Eu ia retirar mas aí veio a ideia de trabalhar nesse capítulo, mostrando esses pensamentos e sentimentos conflitantes da Star a respeito dela mesma e de a que lugar pertence.

Embora no RPG eu tenha pensado mais na Will, e mesclar ela com referências de "O Melhor Amigo do Papai Noel" e "Annie (2014)."

Lyra original não é de um orfanato, embora seus pais tenham desaparecido na história. Ela mora em uma espécie de Taberna e vende artesanatos pra sobreviver, até o momento que é escolhida para uma missão de salvar sua aldeia... Mas isso aí é uma outra história.

:tulip:

•"A verdade é que os adultos até tentam adotar a gente, mas eles sempre preferem os pequenos..."

Caracas, eu lendo pra corrigir o texto: isso foi uma paulada pra Star! TwT

Porque né? A Cosmos vivia falando isso e agora a Lyra do nada revela a MESMA coisa.

E sim, eu to fazendo um react em meu próprio texto... :sweat_smile:

Mas para aqueles que não sabiam, normalmente as pessoas preferem mesmo adotar as crianças menores. É um conceito de melhor adaptação e aceitação da parte da criança. "Você educa ela como você quer." Já as crianças mais velhas podem ser "mais difíceis" pra isso. E por mais que soe triste, principalmente vindo de uma criança mais velha que e por essa situação numa história, infelizmente é uma realidade...

:tulip:

𝜗♡𝜚: E enfim, chegamos ao final de mais um capítulo, cheio de emoção e reflexão. Star vai falar com alguém sobre? Algum adulto vai perceber e tomar atitude antes que fique pior essa situação?

𝜗♡𝜚: Obrigada por ler! Espero que tenham gostado. Não esquece de me contar nos comentários, ok? Até a próxima!

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