ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ𝗗𝗲𝗳𝗶𝗻𝗶𝗻𝗱𝗼 𝗴𝗼𝘀𝘁𝗼𝘀.

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ㅤㅤㅤㅤㅤ𝗤𝘂𝗮𝗹 é a transgressão em encontrar satisfação naquilo que também encanta outrem? Seria esperado abdicar dos meus próprios desejos apenas porque outro indivíduo compartilha deles? 𝗡𝗮 incessante procura pela autenticidade, manifestam-se embates tênues, embora profundos, que desafiam os alicerces da originalidade. Ter personalidade própria, em última instância, seria algo absoluto? Talvez seja uma jornada pelas influências que nos circundam, adotando aquilo que reverbera e descartando o que não se ajusta, não como um mecanismo intencional, mas como um reflexo intrínseco do que somos. Mesmo assim, erguem-se vozes que julgam, censuram e imputam acusações. Falam de imitações e plágios, como se o mero ato de partilhar gostos fosse um atentado contra a singularidade.

ㅤㅤㅤㅤㅤ𝗘𝘅𝗶𝘀𝘁𝗲𝗺 aqueles que proclamam conhecer-se plenamente, indivíduos que se colocam como paradigmas de autenticidade, intocáveis por qualquer suspeita. Entretanto, são esses mesmos que não percebem a incongruência em perpetuar normas enraizadas ou replicar opiniões alheias, como ecos reverberando em um vazio. 𝗔 duplicidade torna-se astuta e, em muitos casos, soberana nos discursos sobre “ser verdadeiro consigo mesmo”. A questão que emerge, então, é: haveria alguém capaz de se desvincular completamente das forças externas? Tal ideia parece utópica, pois somos todos produtos de nossas experiências e das interações com o mundo. 𝗘 compartilhar interesses com alguém que desagrada pode, sem dúvida, ser uma vivência incômoda. Aquilo que deveria ser uma celebração íntima transforma-se em um elemento deturpado pela sombra de confrontos injustos. Poder-se-ia desfrutar autenticamente de algo sem que essa apreciação seja vinculada a outrem? Essa vinculação, mesmo que involuntária, subjuga e confunde, como se o direito à individualidade estivesse atrelado à exclusividade.

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ㅤㅤㅤㅤㅤ𝗚ostos, estilos e preferências transcendem as barreiras da propriedade singular; eles existem como manifestações coletivas, abertas à pluralidade. Ainda há aqueles que fazem da autenticidade um estandarte pessoal, difundindo sua “singularidade” ao se insinuarem em diálogos estranhos e perpetuarem monólogos repetitivos, enquanto exaltam aquilo que possuem. Ser genuíno, sob essa perspectiva, não se revela, por acaso, um conceito limitado? Não se trataria, talvez, de um artifício elaborado para sustentar uma fachada de superioridade? Quem define o que significa ser genuíno? Não são apenas os que se apropriam de um gosto que moldam essa dinâmica, mas também os observadores que associam tais inclinações a uma única pessoa, fomentando uma cadeia de críticas triviais e reiteradas. 𝗘 em meio a essas críticas, raramente se reconhece a riqueza que emerge das conexões entre indivíduos, mesmo que elas pareçam involuntárias ou indesejadas.

ㅤㅤㅤㅤㅤ𝗘 nessa ambivalência que reside a verdadeira reflexão. 𝗣ersonalidade não é um constructo estático, mas uma corrente fluida, uma interação delicada entre aquilo que se assimila e aquilo que se descarta. Não há exclusividade nos elementos que nos definem, pois todos nós ocupamos um imenso espaço partilhado de vivências e influências. Acusar alguém de replicar não apenas denota insegurança, mas também desconsidera a riqueza de um cosmos onde as similaridades são inevitáveis e, mais ainda, indispensáveis. 𝗔 multiplicidade da humanidade constitui um dos fundamentos que sustentam a magnificência do mundo. Nenhum indivíduo prospera isolado, nem mesmo aqueles que sustentam discursos de autenticidade irrefutável. Somos um mosaico de encontros, experiências e contrastes. Cada escolha que fazemos é, em certa medida, influenciada pelas nossas interações, mas isso não diminui o valor da nossa individualidade. 𝗔 verdadeira essência da autenticidade pode estar na aceitação dessas influências como parte do processo, ao invés de um obstáculo.

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ㅤㅤㅤㅤㅤ𝗘, ao fim, talvez a verdadeira essência da individualidade não esteja na defesa contra comparações, mas em sua vivência destemida diante das sombras que outros projetam. A partir dessa aceitação, pode-se entender que ser único não significa ser isolado, mas sim pertencer plenamente ao fluxo vibrante da coletividade humana. 𝗔 grandeza do ser está na interconexão, na multiplicidade de vozes e experiências que, juntas, formam o caleidoscópio do mundo em que vivemos.

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⠀─ :scroll: ─⠀⠀Rage