Às vezes, é como encarar uma parede. Sentar-se à frente dela, debruçado sobre si, tornando-se pequeno e observando as maravilhas do outro mundo — as dificuldades logo atrás.
“Don’t make me sad, don’t make me cry…”
Assim como no ado, o presente, a semente para os erros do futuro. O olhar escondido, as camadas de máscaras que nada escondem. Sabemos de tudo a todo momento, vemos tudo a todo momento.
A dúvida de que isso está só na nossa cabeça é o que nos mantém vivos. Não sermos donos dessas realidades é o que nos traz sanidade, pois sabemos — ou deveríamos saber —, que o que controlamos é tão pequeno.
“Não cabe a uma gota de chuva entender a magnitude de um rio.”
Não cabe a nós remexer em toda realidade a nosso favor completamente, esse elemento caos… que me corrói, cospe em mim e faz sombras nessa parede… Este elemento, de certa forma, também faz tudo valer a pena.
Porque, talvez, o crime que cometi não seja imperdoável, os erros que tanto vi no espelho não sejam horrendos, as atitudes erradas que tomei não sejam irreparáveis. Porque, ao sairmos de nossas próprias métricas, podemos achar aqueles mais gentis conosco do que nós mesmos jamais seremos — para a futilidade ou o mais profundo vales dos nossos segredos.
Eu sei de tudo, eu sei de tudo, eu pequei a todo momento…
Eu sei tudo, eu sei tudo, e me cortou tão profundamente…
E me rasguei tão selvagemente…
E me julguei tão precipitadamente…
Mergulhei… Mergulhei… E continuo lá…
Na profundeza, com os peixes.
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