Adeus, Kyk. Bem-vindo, Junho.

Junho chegou.

Mês de fogueiras, de promessas ao pé da cama, de bandeiras coloridas cruzando o céu — mês de celebrar o que arde. É o mês do exagero que dança, do amor que grita, do orgulho que se recusa a ser domado.

E por isso, achei justo me dirigir a vocês.

Não como prêmio, não como agradecimento raso por ter sido escolhido Escritor do Mês — porque o que eu faço aqui nunca foi sobre prêmios. Foi sobre queimar. Sobre me consumir em cada linha, mesmo nas que ninguém notou. Então, se leram, se me deram voz, se votaram… obrigado, eu nunca estive tão feliz, quanto estive ao ver o resultado. Mas saibam que não fiz por menos. Nunca soube fazer.

Sou megalomaníaco, ito. Com os projetos, com os textos, com os sentimentos que coloco neles. Tudo em mim quer ser mais do que deveria. Até as cicatrizes.

E talvez por isso, por esse exagero incurável, é que preciso anunciar: Kyk morreu.

Não de um dia pro outro, mas aos poucos. Em cada conto, ele sangrou. Em cada texto, ele se despediu.

E sua última frase não foi uma confissão — foi um testamento: “Para uma vela, ela não perde nada acendendo outra.”.

Ele se entregou. E por isso, não há mais nada a ser dito por ele.

Vocês o acompanharam. Vocês viram.

Ele foi enterrado nas palavras que escreveu.

E agora, com respeito — e um pouco de orgulho — eu o deixo ir.

Mas o vazio não reina por muito tempo. Junho exige um novo nome. Uma nova máscara. Um novo eu lírico.

E é aqui que vocês entram.

Entre os escombros de Kyk, quatro nomes se aproximam do fogo. Quatro possíveis vozes. Quatro destinos.

Escolham quem escreverá Junho.

Kyno

O sangue ferve em seu peito. Um corpo sem nome, sem freio, sem culpa.

Mexicano de alma, espírito de festa, talvez um vampiro — ou uma entidade antiga que só quer dançar.

Kyno escreve com desejo. Cada palavra sua tem cheiro de suor, boca entreaberta, gozo contido.

Ele não pensa no amanhã. Ele vive hoje. E quer que você viva também.

Kyoto

Barqueiro de si mesmo, navega as águas turvas da despedida.

Kyoto se apaixona por tudo que está indo embora — porque só ali ele se reconhece.

Escreve com olhos marejados, mãos trêmulas, e um amor desesperado por tudo o que não pode manter.

Se ele falar de você, é porque te perdeu.

Kavy

Pai em potencial, homem em conflito.

Não quer ser guia de ninguém — mas quer estar presente.

Kavy escreve com o peito aberto e as mãos calejadas. Fala do amor como quem fala com um filho que ainda não aprendeu a dizer “eu te amo”.

Erra, ama, erra de novo. Mas nunca desiste.

Kyruzo

Silencioso. Estelar.

Ama um só — e isso lhe basta.

Kyruzo escreve como quem reza. Seus textos não são narrativas, são orações dedicadas ao único nome que importa.

Ele existe por esse amor. E tudo que escreve é para tocá-lo, mesmo que em silêncio.

Junho é o mês dos apaixonados. Dos fogos. Do orgulho.

Então, me ajudem a escolher quem vai carregar essa tocha.

Deem adeus ao que ou.

Escolham o que vem.