A MAGIA DO CAOS
A magia do Caos, como afirmou Phil Hine em janeiro de 1993, entrou na moda no fim dos anos 70.
O que penso que seja fundamental termos todos em mente, é que, como afirmam o autor retrocitado e próprio Frater Velado, cada um deve criar seu próprio psicocosmo mágico.
Esta afirmação virá mais à frente justificada por um experimento que vou sugerir.
Desde logo informo que é a primeira vez que vou abordar esse assunto publicamente, e advirto: cada um será inteiramente responsável pela forma como irá conduzi-lo.
O que caracteriza o Mago do Caos é a sua criatividade, sua liberdade e sua total responsabilidade pelas ações que vier a praticar.
Se alguém acha que não preenche estas três condições, é melhor abandonar este texto agora.
Se alguém nutre alguma forma de medo ou de dependência psíquica, é melhor abandonar este texto agora. E se alguém acha que poderá usar o que vai aprender para fazer algum tipo de perversidade, é melhor abandonar este texto agora.
Dito isso, estou isento de qualquer responsabilidade perante minha consciência e perante o Deus Interno de minha compreensão.
Nada é verdadeiro, tudo é permitido - é um dos poucos slogans do Caos - disse Phil Hine.
Esse slogan, para ser examinado, precisa ser subdivido em duas partes. Como nada é verdadeiro? Nada é tudo às avessas.
Ora, a vida é verdadeira. Nada é verdadeiro, entretanto, sim, se se ite que nada é definitivo, que tudo está em permanente transformação, que tudo é caracterizado pelo movimento e pela mudança, e ainda, que não existe verdade absoluta, ou, pelo menos, nós, no atual estágio em que nos encontramos, só podemos perceber verdades relativas.
Há mais ou menos um século um português - Leonardo Coimbra - denominou a estagnação mental, política, científica, religiosa etc. de coisismo.
Se o místico tem isso em mente, ele não se satisfaz com suas conquistas; não se satisfaz com o que já aprendeu; e não se satisfaz, principalmente, consigo.
É como agem os Rosacruzes, pois são pontos de interrogação
permanentes.
Nessa linha de especulação, então, definitivamente, nada é verdadeiro.
Tudo é permitido? Não. Ass não é permitido. Suicidar não é permitido.
Estuprar não é permitido. Massacrar não é permitido. Muitas coisas não são cosmicamente permitidas, mas alguns (ou muitos) seres(?!) humanos(?!) fazem e se comprazem em fazer tudo que não é licitamente permitido.
Tudo é permitido, sim, desde que o operador saiba o que está fazendo e assuma todas as conseqüências dos seus atos.
O grande problema é que a maioria das pessoas não sabe sequer porque está viva, e nunca parou para pensar na possibilidade de que um dia irá morrer.
Vivem, essas pessoas, mais ou menos como um bolo de cocô no mar. Vem a onda, bolo de cocô sobe; a onda a, bolo de cocô desce. Para elas, tudo é permitido no pior sentido do tudo é permitido:
a) Dez por cento (no mínimo) de overhead estão institucionalizados;
b) Se eu não fizer, outro fará;
c) Quanto maior a sobrevaliação, mais rico eu fico;
d) Dane-se fulano, beltrano e sicrano que eu não sou baiano;
e) Matei em legítima defesa da minha honra, etc etc etc.
Alguém escreveu, e eu concordo, que lavar a honra com sangue e ser absolvido, como jabuticaba, só existe absurdamente no Brasil.
Na Itália, vendetta dá cana.
Entre 1999 e 2003, vinte e três lavadores da honra foram absolvidos em primeira instância no Brasil.
Agora começa a aparecer a figura jurídica do ato sob violenta emoção.
Dá na mesma, porque é a mesma coisa com outro nome.
Coisas como essas, não podem ser permitidas, mas são praticadas porque a justiça é permissiva e o corno mata para se vingar (mas não deixa de ser guampudo).
É incrível, mas até 1940, homicidas que argumentassem 'perturbações de sentidos e da inteligência' podiam se ver livres da cadeia, como informa Paloma Cotes.
Hoje, os chicaneiros inventaram essa figura escrotíssima: sob violenta emoção.
Essa permissividade eu não posso concordar.
Retornando. Se a Magia do Caos for praticada pró-vida e pró-liberdade de expressão, então, com responsabilidade, tudo é (quase) permitido.
Quase, porque precisamos compreender que não se pode bulir com as experiências alheias.
E mesmo no que se refere a nós próprios,
precisamos avaliar muito detidamente se uma prática qualquer é hipotética ou categórica.
Se contiver um épsilon de hipoteticidade, não poderá ser praticada. Portanto, ser um Magista do Caos não é mesmo para qualquer um.
Então, a Magia do Caos não se resume ao que é feito, à
operação 'mágicka' em si, mas como pensa, vive e age o próprio Magista.
Uma pessoa desonesta ou mentalmente desequilibrada não deverá jamais se meter a praticar qualquer ato mágicko, seja do Caos ou qualquer outro, porque, para pôr ordem em uma desordem, é necessário que se esteja moralmente limpo e internamente harmonizado.
O fato é que, conforme está ilustrado no item anterior, maus pensamentos geram más palavras, que são a origem das más atitudes e dos maus hábitos; são incorporados, assim, à personalidade valores degenerados que acabam causando extremo sofrimento.
Por pura sacanagem, há duzentos milhões de anos, já furtei mariola e já trambiquei em jogo de cartas.
Hoje, até para dar um pum penso mil e uma vezes. Um outro fator impeditivo nessa coisa de Magia é o sentimento (ou complexo, que é muito pior) de culpa. Um e outro tornam impraticável qualquer sucesso nessa Arte.
A partir do momento em que se toma consciência de que se tem um desvio de caráter, e se toma a decisão de corrigi-lo, acabou-se. O que ficou lá atrás, ficou lá atrás.
Ninguém pode viver remoendo defeitos do ado e se culpando eternamente.
Crianças superdotadas (e as que não o são também) fazem coisas do arco-da-velha.
Se, ao crescerem, ficarem deixando que as estripulias que fizeram fiquem martelando suas consciências, acabarão em um divã de psicanalista.
Nada contra os divãs, nada contra a Psicanálise. Tudo contra todas as fantasmagorias que impedem tudo e mais alguma coisa.
Contra, bem entendido, o deixar rolar, o conviver com memórias envenenadoras, a autoflagelação mental por pecadilhos ou pecadões cometidos etc.
Mas, se a pessoa não está conseguindo resolver um problema que a atormenta, deve procurar imediatamente um especialista. Quanto mais demorar, pior. Então, na verdade, não sou contra nada. Mas, que cada um deve se esforçar para superar suas misérias, isso deve.
Um prego exposto ao ar sofre corrosão atmosférica a uma velocidade muito lenta; o mesmo prego submerso em ácido clorídrico será corroído a uma velocidade espantosa.
Então, coforme ensinou Aleister Crowley: 'Magick' é a Ciência e a Arte de causar Mudanças de acordo com a Vontade. (Ilustração: É a minha vontade informar ao mundo certos fatos de meu conhecimento.
Eu, portanto, tomo as "armas mágicas", caneta, tinta e papel; escrevo "encantamentos" - estas sentenças - em linguagem mágica, i.e., a qual é entendida por pessoas que desejo instruir. Eu invoco "espíritos" tais como tipógrafos, editores, livreiros, e assim por diante, e os instruo a transmitir a minha mensagem àquelas pessoas.
A composição e distribuição são, desta maneira, um ato de 'Magick' pelo qual eu causo Mudança em conformidade com a Minha Vontade.).
Contudo, além do que já expliquei, o que for contrário à Natureza intríseca das coisas, não há Mágicka que execute.
Por exemplo: no atual estágio evolutivo da Humanidade, não é possível transformar uma pepita de ouro em Annona squamosa
(a deliciosa e cheia de caroços fruta-do-conde).
O que, nesta matéria, não é possível, não quer dizer que seja impossível. Na verdade, nada é impossível; nós é que somos crianças de berço em relação ao Todo Cósmico.
Agora, supondo-se que seja possível transformar uma pepita de
ouro em uma gostosa Annona squamosa, qual seria a utilidade dessa transformação?
Por isso, em Magia do Caos, é preciso ter em conta a oportunidade e a utilidade do que se pretende fazer.
Gastar energia com tolice é mais do que perder tempo: é tão detrimental quanto praticar esta Arte para produzir o mal, porque a Natureza e o Kósmos não toleram perdulários e mal-intencionados.
Fonte: Ordo Summum Bonum - A Magia do Caos - Illuminatus R. D. Pizzinga, 7Ph.D.
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