A Inquisição, um conjunto de instituições dentro do sistema judicial da Igreja Católica Romana, teve um papel complexo e multifacetado na perseguição de pessoas acusadas de bruxaria ao longo da história.
É crucial entender que a Inquisição não foi a única responsável pela caça às bruxas, e suas ações variaram significativamente dependendo do período, da região e do tipo específico de tribunal inquisitorial envolvido.
Desenvolvimento Histórico e Foco Inicial:
Originalmente estabelecida no século XII para combater heresias como o catarismo e o valdianismo, a Inquisição concentrou-se inicialmente em desvios doutrinários dentro do cristianismo.
A crença generalizada na bruxaria como uma ameaça significativa e herética só ganhou força mais tarde, especialmente durante o final da Idade Média e o início da Idade Moderna (aproximadamente dos séculos XIV ao XVIII).
O Papel da Inquisição na Perseguição de Bruxas:
Quando a bruxaria ou a ser vista como uma forma de heresia – uma apostasia da fé cristã através de um pacto com o Diabo – a Inquisição envolveu-se em sua perseguição.
O seu envolvimento podia incluir:
Investigação: Os inquisidores eram responsáveis por investigar denúncias de bruxaria. Isso envolvia coletar testemunhos, interrogar os acusados e reunir evidências (que muitas vezes eram circunstanciais ou baseadas em boatos e superstições).
Julgamento: A Inquisição atuava como tribunal para julgar os acusados de bruxaria. Os procedimentos legais inquisitoriais eram diferentes dos tribunais seculares da época. Eles geralmente ofereciam menos proteções aos acusados. Por exemplo, os nomes dos acusadores podiam ser mantidos em segredo, dificultando a defesa.
Tortura: Em muitos casos, a tortura era permitida pela Inquisição como um meio de obter confissões e informações sobre outros supostos cúmplices. As formas de tortura variavam dependendo da época e da região, mas podiam incluir o strappado (levantamento do acusado com pesos presos aos pulsos), a tortura da água (forçar grandes quantidades de água a serem ingeridas) e o vigil (privação de sono). A justificativa era que a bruxaria era um crime tão hediondo que medidas extremas eram necessárias para erradicá-la.
Punição: As punições infligidas pela Inquisição a pessoas consideradas culpadas de bruxaria variavam.
As penalidades podiam incluir:
Penitências:
Ordem para realizar atos religiosos, como jejuns, orações ou peregrinações.
Multas e Confisco de Bens:
A propriedade dos condenados podia ser confiscada, muitas vezes enriquecendo a Igreja ou as autoridades seculares.
Prisão: Encarceramento por períodos variáveis.
Excomunhão: Remoção da comunhão da Igreja.
Entrega ao Braço Secular: Em casos considerados de bruxaria grave e impenitente (aqueles que não se arrependiam), a Inquisição frequentemente entregava os condenados às autoridades seculares para a execução, geralmente na fogueira. A Igreja não derramava "sangue", mas entregava o herege ao poder secular para a punição capital.
Variações Regionais e Temporais:
É fundamental notar que o papel e a intensidade da perseguição de bruxas pela Inquisição variaram significativamente:
Inquisição Espanhola:
Inicialmente focada em judeus e muçulmanos convertidos (os "conversos"), a Inquisição Espanhola teve um envolvimento relativamente menor na caça às bruxas em comparação com outras regiões da Europa. No entanto, houve casos notórios, como os julgamentos de bruxas de Logroño no início do século XVII.
Inquisição Romana:
A Inquisição Romana, embora preocupada com a bruxaria, tendia a ser mais cética em relação às alegações extremas e, em alguns casos, impôs restrições aos processos e à aplicação da pena de morte por bruxaria. O famoso Canon Episcopi, um antigo decreto eclesiástico que questionava a realidade dos voos noturnos das bruxas, ainda exercia alguma influência.
Outras Regiões:
Em algumas áreas da Europa, como a Alemanha, a Suíça e a França, a caça às bruxas foi particularmente intensa e frequentemente conduzida por tribunais seculares, embora influenciada pelas crenças religiosas da época.
A Inquisição teve um papel menor nessas áreas em comparação com os tribunais seculares.
Impacto da Inquisição:
O envolvimento da Inquisição na perseguição de bruxas contribuiu para a legitimação da crença na ameaça da bruxaria e forneceu um aparato legal e judicial para a sua repressão. Embora não tenha sido a única força motriz por trás da caça às bruxas, a Inquisição, com seus procedimentos legais, uso da tortura e sanções religiosas, desempenhou um papel significativo no sofrimento e na morte de inúmeras pessoas acusadas de praticar magia.
É crucial evitar generalizações excessivas sobre "a Inquisição" e a caça às bruxas.
O contexto histórico, geográfico e o tipo específico de tribunal inquisitorial são essenciais para compreender a complexidade do seu envolvimento.
[Fonte:|
https://super.abril.com.br/historia/bruxas-quem-eram-elas-e-por-que-iam-parar-na-fogueira
[Fonte:| https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/reportagem/bruxas-reais-historia.phtml

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