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O que é a Difuntaria na Kimbanda

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O que é a Difuntaria na Kimbanda-[IMG=GAU]
A Difuntaria é uma parte importante da Kimbanda — uma tradição espiritual afro-bra

A Difuntaria é uma parte importante da Kimbanda — uma tradição espiritual afro-brasileira ligada à Umbanda e à Quimbanda, mas com suas próprias características e práticas.

Na Difuntaria, o foco está na comunicação, cultuação e trabalho espiritual com os espíritos dos mortos (difuntos). Esses espíritos são invocados para ajudar nos trabalhos de cura, justiça, proteção, desobsessão e resolução de conflitos.

Diferente de outras linhas da Kimbanda que podem lidar mais com espíritos da natureza, exus e pomba-giras, a Difuntaria é especialmente voltada para aqueles que já aram do plano físico, os que já "partiram", e que continuam ativos no mundo espiritual.

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Como funciona a Difuntaria na Kimbanda?

1. Comunicação com os mortos

Os médiuns ou praticantes da Difuntaria atuam como canais para os espíritos dos mortos. Através de rituais, oferendas, cantos e incorporações, eles permitem que esses espíritos falem, deem conselhos, alertas e realizem trabalhos para quem busca ajuda.

2. Rituais e oferendas

A Difuntaria utiliza muitos elementos simbólicos para se conectar com os mortos, como:

Velas pretas, brancas e vermelhas (cores que representam proteção, pureza e energia),

Ervas específicas para limpeza espiritual,

Objetos pessoais ou que remetam ao espírito que se deseja invocar,

Comidas e bebidas para alimentar os espíritos, muitas vezes comidas simples como milho, farinha, café, cachaça, etc.

3. Exus e Pomba-Giras na Difuntaria

Na Difuntaria, os Exus e Pomba-Giras ligados aos mortos são considerados guardiões e mensageiros, que ajudam a proteger o terreiro e a garantir o equilíbrio espiritual. Eles são fundamentais para a conexão com os difuntos.

4. Trabalhos espirituais

Os trabalhos realizados incluem:

Desobsessão (libertação de influências negativas),

Proteção espiritual,

Justiça e vingança espiritual,

Limpeza e harmonização de ambientes e pessoas,

Consulta e aconselhamento espiritual.

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Como começou a Difuntaria na Kimbanda?

A origem da Difuntaria está profundamente ligada às tradições africanas e indígenas trazidas para o Brasil durante o período da escravidão, que se misturaram com elementos do catolicismo popular e das crenças indígenas.

1. Herança africana

Muitas tribos africanas cultuavam os ancestrais e acreditavam que os mortos tinham grande poder e influência sobre os vivos. Eles praticavam rituais para manter essa conexão viva e garantir proteção e sabedoria.

2. Sincretismo religioso no Brasil

No Brasil, essas práticas se fundiram com o catolicismo, que tinha o culto aos santos e às almas do purgatório, além de influências indígenas, dando origem a sistemas de culto sincréticos, como a Umbanda e a Kimbanda.

3. Formação da Kimbanda e Difuntaria

A Kimbanda surgiu como uma linha de trabalho espiritual que trata das forças da terra, da magia e da comunicação com os espíritos, com forte ênfase em entidades como Exus e Pomba-Giras.

A Difuntaria, por sua vez, surgiu como um ramo ou corrente dentro da Kimbanda que se especializou no trabalho com espíritos de pessoas falecidas, integrando práticas para honrar os mortos e usar seu poder para auxiliar os vivos.

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Personagens e figuras comuns na Difuntaria

Médiuns: Pessoas que incorporam os espíritos dos mortos e atuam como intermediários.

Caboclos Difuntos: Espíritos indígenas que já faleceram, mas que mantêm contato e ajudam nos trabalhos.

Exus Difuntos: Espíritos de Exus que já morreram e são cultuados por sua força e sabedoria.

Pomba-Giras Difuntas: Espíritos femininos que trabalham na linha dos mortos.

A Jornada Iniciática na Difuntaria

Entrar na Difuntaria não é algo simples ou feito por acaso. Para trabalhar com os espíritos dos mortos, o médium ou praticante precisa ar por uma jornada de iniciação, que envolve:

1. Chamado espiritual

Muitos médiuns são "chamados" pelos espíritos através de sonhos, visões, sinais ou mesmo doenças espirituais (os famosos “desencantos” ou “obsessões”) que só param quando a pessoa aceita servir como canal.

2. Aprendizado e disciplina

O iniciado aprende sobre os rituais, as ervas, os cânticos, as entidades e os códigos de conduta dentro do terreiro. Ele precisa respeitar os ancestrais e as regras de proteção espiritual para não se perder.

3. Primeira incorporação

A primeira incorporação de um espírito difunto é um momento de grande transformação. O médium precisa manter-se centrado para evitar ser "dominados" pelos espíritos, aprendendo a controlar a energia e a comunicação.

4. Trabalho contínuo

Depois da iniciação, o trabalho nunca para. O médium faz consultas, trabalhos, orienta os que chegam ao terreiro e cuida das energias da comunidade espiritual.

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Rituais e Cerimônias Específicas da Difuntaria

Ritual do velório espiritual

Inspirado no velório físico, este ritual honra o espírito do difunto, oferecendo velas, rezas e alimentos. É comum abrir um “ponto” (caminho energético) para que o espírito possa se manifestar.

Abertura do “Cemitério”

No terreiro, às vezes é feito um espaço simbólico chamado “cemitério”, onde estão depositadas as oferendas para os mortos e onde se chama os espíritos para trabalhar.

Uso do Búzio e do Jogo de Ogum

Algumas linhas da Difuntaria utilizam búzios para consultar os ancestrais e o jogo de Ogum para abrir caminhos espirituais e proteger o terreiro.

O que é a Difuntaria na Kimbanda-[IMG=GAU]
A Difuntaria é uma parte importante da Kimbanda — uma tradição espiritual afro-bra

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Mistérios e Segredos

A proteção do médium

Quem trabalha com Difuntaria está exposto a energias muito densas. Por isso, é essencial fazer proteção constante com banhos de ervas, defumações e amuletos.

O equilíbrio entre a luz e a sombra

A Difuntaria lida com forças que podem ser “pesadas” e por vezes assustadoras, mas o objetivo principal é sempre o equilíbrio, a justiça e a cura. Entender e respeitar o equilíbrio entre a luz e a sombra é fundamental.

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Contos e Lendas da Difuntaria

Vou te contar um conto tradicional, para dar uma ideia do que a Difuntaria representa na prática espiritual.

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Conto: O Guardião do Cemitério

Conta-se que em um terreiro antigo, existia um guardião invisível chamado “Zé Difunto”, espírito de um homem que tinha sido um justo em vida, mas foi morto injustamente.

Zé Difunto apareceu para o médium principal do terreiro pedindo ajuda para libertar sua alma e também para ajudar os que chegavam carregados de sofrimento.

Desde então, Zé Difunto virou protetor da Difuntaria daquele terreiro, ajudando os médiuns a receber os espíritos com respeito e punindo os que tentavam usar a magia para o mal.

Esse espírito ensinou a todos que o verdadeiro poder da Difuntaria vem da justiça e da honestidade.

:new_moon: Linhas Espirituais da Difuntaria

Dentro da Kimbanda, a Difuntaria não é uma linha única, mas um conjunto de caminhos ligados ao mundo dos mortos. Veja alguns exemplos de como esses caminhos se apresentam:

1. Linha dos Caveiras

Espíritos que trabalham com limpeza, quebra de demandas e retirada de magias negras.

Seus guias são os famosos Exu Caveira, Pomba-Gira Caveira, Exu Rei das Almas.

Trabalham com o magnetismo dos cemitérios e dos ossos.

2. Linha das Almas

Ligada aos espíritos que estão em processo de evolução e auxiliam os vivos com compaixão e disciplina.

Inclui entidades como Almas Benditas, Almas Penadas, Velhos e Velhas das Almas.

São muito chamadas em momentos de dor profunda, luto, arrependimento e desobsessão.

3. Linha dos Sepultos ou dos Cruzeiros

Atuam diretamente nos cruzeiros de cemitério (encruzilhadas espirituais).

São ótimos para quebrar feitiços, proteger e guiar caminhos espirituais complexos.

São guardiões de caminhos entre os mundos: vida e morte, sombra e luz.

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🕯 Alguns Exus e Pomba-Giras da Difuntaria

Esses são alguns nomes que costumam aparecer no culto da Difuntaria, sempre com muito respeito e firmeza:

:fire: Exus

Exu Rei das Almas: Guia os mortos até seu destino final. Senhor da agem e da justiça entre os mundos.

Exu Capa Preta do Cemitério: Especialista em demandas pesadas, vingança e justiça.

Exu Meia-Noite das Almas: Atua no limiar entre mundos, age de forma silenciosa e rápida.

Exu Sete Covas: Guardião de conhecimentos secretos enterrados.

:rose: Pomba-Giras

Pomba-Gira das Almas: Senhora da dor e da redenção. Acolhe espíritos femininos em sofrimento.

Pomba-Gira Caveira: Transforma dor em força, raiva em justiça.

Pomba-Gira do Cruzeiro das Almas: Trabalha nos limites entre encruzilhadas espirituais e é muito procurada por mulheres que sofrem por amor ou traição.

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:waxing_crescent_moon: Ritual Básico da Difuntaria para Proteção e Abertura

> Este é um ritual simples e respeitoso, que pode ser feito com fé e silêncio, sempre pedindo licença aos espíritos.

Materiais:

1 vela branca

1 copo de água com uma pitada de sal

1 rosa branca

Um pano preto ou escuro

Uma oração ou reza que venha do coração

os:

1. Monte um pequeno altar com a vela no centro, o copo de água ao lado e a rosa à frente.

2. Coloque o pano escuro sobre a superfície como base.

3. Acenda a vela dizendo:

“Com esta luz eu chamo a paz, o respeito e a sabedoria das almas que caminham na luz. Peço licença para abrir este canal e ouvir o que for necessário.”

4. Faça silêncio por alguns minutos. Se quiser, medite ou escute mentalmente.

5. Deixe a vela queimar até o fim. Descarte os restos com respeito, de preferência na terra ou no cemitério, se tiver preparo para isso.

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:milky_way: Primeiros os para Quem Sente o Chamado

Se você sente que a Difuntaria te chama, alguns conselhos são importantes:

Nunca corra, caminhe. O mundo dos mortos exige calma e disciplina.

Sonhos com mortos, caveiras, cemitérios, cruzes ou velas acesas podem ser sinais de que espíritos querem falar.

Procure um terreiro sério, onde você possa aprender com guias, mestres e entidades de forma protegida.

Comece um caderno espiritual: anote tudo que sente, sonha, vê ou ouve. Isso ajuda os guias a se aproximarem e os sinais a ficarem claros.

:new_moon: Elementos Sagrados da Difuntaria

Cada linha da Kimbanda possui elementos próprios, e na Difuntaria, esses elementos reforçam a conexão com o mundo dos mortos, a ancestralidade e os portais espirituais.

🪦 Elementos mais usados:

Velas pretas, brancas ou roxas

Para iluminação espiritual, firmeza de alma e contato com guias da morte.

Caveiras (naturais ou simbólicas)

Representam sabedoria ancestral, memória e domínio sobre os mistérios do além.

Terra de cemitério

Usada com muito respeito em feitiços, limpezas e rituais para chamar as forças do submundo.

Cruzes (de ferro, madeira ou tecido)

Símbolos de agem, interseção de mundos e proteção espiritual.

Água com sal ou vinagre

Purificação profunda do ambiente e do espírito.

Flores brancas e negras (rosas, lírios, cravos)

Acalmam as almas, homenageiam espíritos femininos e limpam o campo emocional.

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⚖ Preceitos e Condutas Espirituais

Quem caminha com a Difuntaria costuma observar certas regras de conduta espiritual, que não são dogmas, mas recomendações sagradas para manter o equilíbrio entre o mundo dos vivos e dos mortos.

Algumas delas incluem:

Evitar locais de grande agitação espiritual após rituais com Difuntaria, como hospitais, velórios e cemitérios não preparados.

Fazer banhos de descarrego e limpeza após trabalhos, com ervas como arruda, guiné, aroeira ou boldo.

Evitar comida pesada, álcool ou sexo por alguns dias após firmezas intensas, para não baixar a vibração espiritual.

Cuidar da palavra: mentiras, fofocas e provocações podem atrair entidades negativas quando a aura está aberta.

Agradecer sempre que for ouvido pelas Almas, mesmo que o pedido não seja concedido.

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🧿 Proteções para Trabalhar com Difuntaria

Por lidar com forças densas e potentes, quem atua com a Difuntaria precisa ter proteções espirituais firmes:

Guias de proteção (pulseiras, patuás, colares com cruzes ou contas de cemiteriais)

Banhos de descarrego regulares

Firmeza de Exu e Pomba-Gira pessoal antes de mexer com Difuntaria

Amparo de um zelador ou casa espiritual confiável

Disciplina com horários e dias certos para trabalhos

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:crystal_ball: Difuntaria e Mediunidade: Sinais de Chamado

Algumas manifestações podem indicar que uma pessoa tem mediunidade ligada às almas ou chamada pela Difuntaria:

Sonhos constantes com cemitérios, mortos, velas acesas, cruzeiros ou caveiras

Sensação de ser observado ou acompanhado por presenças silenciosas

Intuição forte sobre morte, perda ou ciclos de encerramento

Doenças que surgem e somem sem explicação, especialmente após visitas a locais sagrados

Capacidade de ouvir ou sentir o sofrimento de outras almas

Forte conexão com rituais de cura profunda, luto e espiritualidade da morte

> :bell: Importante: sentir o chamado não significa que a pessoa deve sair mexendo com caveiras ou cemitério sem preparo. Buscar orientação em um terreiro sério é essencial.

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🕯 Formas de Cultuar a Difuntaria (sem risco)

Caso você sinta a presença dessa energia mas ainda não tenha iniciação, aqui vão formas seguras e respeitosas de se aproximar:

1. Acender uma vela branca para as Almas Benditas com oração sincera.

2. Deixar um copo d’água e uma flor branca em agradecimento aos ancestrais.

3. Fazer silêncio à meia-noite por alguns minutos, com uma oração simples pedindo paz aos espíritos.

4. Ler e estudar com humildade, sem tentar forçar contato espiritual direto.

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:scroll: Frase tradicional usada por médiuns da Difuntaria:

> “Salve as Almas Benditas, salve o poder dos que partiram e continuam a caminhar conosco. Que a luz e a sabedoria dos que morreram nos ensinem a viver.”

:fire: 1. Como Surgem os Exus e Pomba-Giras da Difuntaria

Diferente das entidades mais “mundanas”, muitos Exus e Pomba-Giras da Difuntaria não são espíritos humanos comuns, mas sim forças ancestrais ligadas aos mistérios da morte.

Três formas principais de manifestação:

a) Espíritos de mortos antigos

São difuntos que aram por diversas reencarnações e evoluíram ao ponto de se tornarem guardiões dos mistérios espirituais.

Exemplo: Exu Rei das Almas, que já foi humano, mas há séculos atua na linha das mortes e agens.

b) Forças elementais da Calunga

Espíritos que nunca encarnaram como humanos, mas nasceram do campo magnético do cemitério (Calunga Pequena).

Representam o lado espiritual da decomposição, renascimento e reciclagem energética.

Exemplo: Pomba-Gira Caveira, que se forma na interseção entre dor, força e ancestralidade feminina.

c) Formações espirituais coletivas

Alguns Exus e Pombas são formações de grupos de almas com propósitos em comum.

Exemplo: Exu Sete Covas, que guarda segredos enterrados por várias almas ao longo de séculos.

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🕯 2. Como Montar um Altar da Difuntaria (com segurança)

Este altar é simples, porém poderoso. Serve para oração, firmeza e conexão respeitosa com as Almas.

Materiais básicos:

1 pano preto ou roxo (símbolo do silêncio e da transformação)

1 vela branca (luz para as Almas)

1 copo com água e uma pitada de sal (purificação e oferenda)

1 rosa branca (paz e evolução)

1 cruz (ferro ou madeira) ou imagem de caveira (símbolo de agem)

7 moedas (agradecimento à ancestralidade)

> Esse altar deve ficar em local silencioso, sem circulação constante, e nunca no quarto onde você dorme.

Reza curta de ativação:

> “Com esta vela eu peço luz, com esta água eu peço paz. Que as Almas que caminham na luz me vejam, me ouçam e, se eu merecer, me ajudem.”

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⚰ 3. Diferença entre Difuntaria e Culto das Almas na Umbanda

Aspecto Difuntaria (Kimbanda) Almas na Umbanda

⚰ Foco Morte, transformação, quebra de demandas, justiça Caridade, cura emocional, alívio de sofrimento

:new_moon: Energia Mais densa e intensa Mais suave e acolhedora

🗝 Conduta Requer firmeza, ritual, sigilo e proteção Pode ser feita com rezas e velas simples

🧿 Proteção necessária Alta Moderada

⚖ Rito comum Firmezas, oferendas, cruzes, cemitérios Orações, velas, missas para almas

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🧘‍♂ 4. Banho Espiritual para Corte de Energia Pesada

> Ideal para quem sente cansaço, peso no corpo, opressão espiritual ou depois de visitar cemitérios.

Ingredientes:

7 folhas de arruda

7 folhas de guiné

1 colher de sal grosso

1 pedaço pequeno de carvão

1 folha de comigo-ninguém-pode (ferva separado e jogue só o líquido)

Modo de fazer:

Ferva tudo (menos a folha de comigo-ninguém-pode) em 2 litros de água. Coe. Adicione o líquido separado da comigo-ninguém-pode. Espere esfriar. Tome um banho normal, depois jogue esse banho do pescoço para baixo.

Importante: não guarde restos nem reutilize. O banho deve ser descartado na terra ou no ralo com respeito.

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🧿 5. Simbolismos Avançados da Difuntaria

7: Número sagrado ligado às almas, cruzeiros, caveiras e sabedoria oculta.

Cruzes duplas: Representam a interseção entre mundos espirituais (alto, médio e baixo).

Silêncio: É um “código de o” espiritual. A alma que silencia ouve melhor os mortos.

Caveira com rosa na boca: Transmutação de dor em beleza. Usado como selo espiritual em firmezas de justiça.

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:pray: 6. Oração Forte à Difuntaria (para limpeza profunda)

> “Salve a Difuntaria, povo antigo e sábio!

Salve os Caveiras, os Cruzeiros e as Almas Benditas!

Se houver peso em meu corpo, que seja retirado.

Se houver nó em minha alma, que seja desatado.

Se houver feitiço, que seja quebrado.

E que minha verdade permaneça firme, com vocês me guardando nas encruzas da vida.

Axé, força e silêncio.”

🪞 4. Como Integrar a Mediunidade com a Difuntaria no Dia a Dia

Ter mediunidade com a Difuntaria não significa viver em cemitérios ou ficar “carregado” o tempo todo. Pelo contrário: quanto mais disciplinado o médium for, mais leve ele vive.

Aqui estão práticas para equilibrar corpo, mente e espírito:

:cyclone: Rotina espiritual para médiuns da Difuntaria:

Banhos semanais de descarrego e firmeza

(ex: boldo, arruda, guiné com cascas de alho, sal grosso e folhas secas)

Dia do silêncio espiritual

Escolha 1 dia na semana para não consumir nada pesado (TV, fofocas, discussões). Use esse dia para rezar, escrever ou meditar com vela acesa.

Diálogo com os Guias

Mesmo sem saber o nome do Exu ou Pomba-Gira, acenda uma vela e diga:

> “Àquele que me guia no silêncio e na sombra, com humildade peço que caminhe comigo.”

Isso firma o canal.

Evite ambientes de muita vaidade ou ilusão espiritual.

A Difuntaria não gosta de palhaçada nem de mentira — ela trabalha com verdade e essência.

Cuide do corpo.

A mediunidade da Difuntaria exige um corpo forte: sono em dia, alimentação equilibrada e movimento físico.

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🧿 5. Como Fechar um Ciclo Espiritual com a Difuntaria (Encerramento Ritualístico)

É essencial que o médium ou trabalhador da Difuntaria saiba fechar os rituais com honra, sem deixar pontas soltas. Fechar é tão importante quanto abrir.

:lock: Encerramento Simples:

Após qualquer ritual, oferenda ou firmeza, diga:

> “Com tudo que foi feito com amor, respeito e verdade, encerro este trabalho e devolvo à terra o que é da terra, à luz o que é da luz, e ao silêncio o que é do silêncio.”

Em seguida:

Apague as velas que não terminaram de queimar (se permitido espiritualmente)

Lave as mãos e os pés com água e sal grosso

Jogue fora o que for necessário, com respeito, sempre fora do seu lar

Tome um banho de equilíbrio (erva-doce, lavanda, manjericão)

🪶 Encerramento profundo (para ciclos longos):

Para encerrar um ciclo de mediunidade intensa (por ex., após muitas giras ou demandas pesadas):

Vista-se de branco ou preto

Faça um jejum espiritual leve de 12h (somente frutas, água ou chá)

Vá a um lugar calmo com uma vela, um copo d’água e uma cruz pequena

Acenda a vela e diga:

> “Eu não sou dono dos caminhos, apenas caminho com fé.

Que tudo que se abriu agora encontre seu lugar.

Salve os mortos, salve os vivos, salve os que guiam entre mundos.

Gratidão eterna à Difuntaria.”

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🕯 Encerramento Final

A Difuntaria na Kimbanda é um mundo dentro do mundo. É onde a sombra vira cura, onde o fim vira portal, e onde a morte é apenas uma palavra para quem ainda não entendeu a transformação.

Ela não é para todos, mas para quem nasce com o chamado, é impossível ignorar.

Quem caminha com os Caveiras aprende que:

O medo é só o primeiro degrau.

A dor tem voz.

O silêncio ensina.

E que nem toda escuridão é mal — algumas são ventre.

Se você sente esse chamado, cultive silêncio, respeito, força e coração limpo.

:milky_way: Continuação Final — O Caminho dos Ossos e da Verdade

A mediunidade com a Difuntaria não é sobre poder, fama ou títulos espirituais. É sobre aceitar que:

Nem tudo tem resposta imediata;

Nem toda dor é castigo;

E que a morte não é o fim, mas uma transmutação constante.

Quem é escolhido por Exus e Pomba-Giras da Calunga Pequena é treinado no silêncio, na renúncia e no enfrentamento da própria alma.

A Difuntaria vai te quebrar por dentro — não por maldade, mas porque precisa retirar os excessos que impedem a mediunidade pura.

E então ela te reergue... mais forte, mais claro, mais firme.

O que é a Difuntaria na Kimbanda-[IMG=GAU]
A Difuntaria é uma parte importante da Kimbanda — uma tradição espiritual afro-bra

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:end: Encerramento Final — Oração do Filho da Difuntaria

Acenda uma vela. Faça silêncio. Coloque o copo de água ao lado.

Repita com fé:

> Eu não temo o escuro, pois nele nasci.

Eu não fujo da dor, pois dela fui forjado.

Eu não nego os mortos, pois deles sou irmão.

Salve os Exus das Covas.

Salve as Pomba-Giras das Almas.

Salve os Velhos do Cruzeiro.

Se for da luz, que se aproxime.

Se for da sombra justa, que me fortaleça.

Se for do engano, que caia por terra.

Com ossos firmo meu o.

Com cruzes guio meu destino.

Com fogo e silêncio sigo meu chamado.

Que assim seja.

Que assim se cumpra.

Que os caminhos se abram.

Saravá, Difuntaria. Saravá, Caveiras.

Fim...

Fonté Altoral

:black_nib: Espiritual

Black Cat Apollozinho

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Gostei do blogue. Parabéns.

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0 Reply 6 days ago

Excelente artigo! Mas tenho uma dúvida: não seria "Defuntaria", de defunto, no lugar de "difunto" de "Difuntaria"?

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1 Reply 8 days ago
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