As bruxas de Salem não eram as figuras estereotipadas com narizes adunços e verrugas, a voar em vassouras.
Na verdade, as pessoas acusadas de bruxaria durante os julgamentos de Salem, que ocorreram em 1692 e 1693 na colónia inglesa de Massachusetts, eram indivíduos comuns da comunidade.
A histeria começou quando um grupo de jovens raparigas começou a ter convulsões e a proferir acusações estranhas, culpando várias mulheres da aldeia por as atormentarem através de bruxaria.
Estas acusações rapidamente se espalharam, alimentadas por crenças religiosas fervorosas, medos do sobrenatural e tensões sociais preexistentes na pequena comunidade puritana.
As acusadas eram frequentemente mulheres marginalizadas ou que não se encaixavam nos padrões sociais da época.
Algumas eram consideradas estranhas, outras tinham conflitos com vizinhos, e algumas eram simplesmente independentes e assertivas, características que eram vistas com suspeita numa sociedade patriarcal e religiosa.
Os julgamentos foram marcados pela ausência de provas concretas.
As principais evidências eram os "atos espectrais" – visões e sonhos das acusadoras que alegavam ser atormentadas pelas "formas espirituais" das acusadas.
Estas alegações eram aceites como prova válida pelo tribunal, levando a um ciclo de acusações e confissões forçadas.
A histeria culminou com a condenação e execução de 20 pessoas por enforcamento. Outras morreram na prisão devido às más condições.
A atmosfera de medo e paranoia levou a que qualquer pessoa pudesse ser acusada, e as relações sociais na comunidade ficaram profundamente abaladas.
Eventualmente, a razão prevaleceu.
As dúvidas sobre a validade das evidências espectrais cresceram, e figuras influentes começaram a questionar os julgamentos.
Em 1693, o governador William Phips pôs fim aos julgamentos e libertou os prisioneiros restantes.
Anos mais tarde, o governo de Massachusetts pediu desculpas formalmente pelas injustiças cometidas e ofereceu compensações às famílias das vítimas.
O episódio das bruxas de Salem serve como um alerta sombrio sobre os perigos do fanatismo, da histeria coletiva e da injustiça processual.
Demonstra como o medo e a ignorância podem levar a perseguições trágicas e à destruição de vidas inocentes.
A história das "bruxas" de Salem é, na verdade, a história de pessoas comuns apanhadas numa teia de acusações infundadas e de um sistema judicial falho.

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