#UPM | As coisas não ficaram como imaginava, não é?

ㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤ

ㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤ

ㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ

ㅤลnt̤i-t̷𝗶-t͡i-ㅤㅤ⦕ㅤtif̚rᥲ𝗴̽i̤͟lɘㅤㅤ⊹ㅤ

ㅤㅤㅤㅤ────────ㅤㅤ୧ㅤwəl𝗰o̱ꭑ͟e!ㅤ⬚̸̷

𐂲ㅤ introㅤㅤⳆⳇ͜ ㅤɗe𝘁onᥝtēㅤ ꩗ㅤㅤꕀ :bomb:

Olá, prazer sou Pipo! Nunca soube bem como iniciar este UPM, tentei diversas vezes e sempre desisti. Depois de ver a plataforma novamente, decidi que desta vez seria pra valer. Não irei trazer gatilhos de minha vida, isso seria mal até para mim mesma relembrar. Simplesmente abordarei por primeiro acusações, separações e vontade de ser a sustentação de meus pais, logo em seguida comentar sobre tentar ter usado a comunidade para tentar liberar todos os meus sentimentos. O quanto ouvi, o quanto ei, o quanto saí afetada depois de enfrentar o inferno com todas as forças possíveis e, também, o quanto me sobrecarreguei apenas para tentar mudar o foco.

Não irei prolongar-me, não espero que gostem do que será dito, mas que compreendam cada pedacinho de mim, dentro e fora do amino.

𐂲ㅤ calma, isso é sério?ㅤㅤⳆⳇ͜ ㅤtꛃi𝘀tㅤ ꩗ㅤㅤꕀ :bomb:

As coisas começaram a ficar estranhas desde 2016, meus pais quase nunca brigavam. Quando faziam, não duravam 15 minutos bicudos um com o outro. A partir deste ano, as brigas não eram tão constantes, mas aconteciam em mais quantidade do que nos anos anteriores. Em 2018 as discussões eram mais agressivas, não fisica, mas verbalmente. Xingamentos que nunca haviam sido direcionados um ao outro antes.

Eu como irmã mais velha, tinha que pensar nos meus irmãos, a segunda mais velha tinha 8 aninhos, o mais novo 7 e eu 12. Cada briga, ficávamos todos no quarto. Dormíamos juntos, cada um em sua caminha, mas naqueles momentos, minha cama era o refúgio dos 3. Onde eu tentava desviar a atenção deles com coisinhas bobas. Seja deixar a porta fechada com uma música tocando, tentando fazer palhaçadas para ambos rirem, ou apenas jogar meu caderno de desenho e vários lápis de cor para desenharem. Pouco me importava se aquelas folhas fariam falta na aula de artes. Eu não ligava. Ver meus pequenos distraídos era uma satisfação enorme.

A briga se encerrava e eu apenas pensava no que foi dito: quero me separar de você.

Sempre deixei claro aos meus pais, eu não tinha problemas com a possível separação, mesmo nova sabia que às vezes era necessário para o bem dos dois. Porém, desejava que tudo terminasse de forma agradável/amigável, não queria ter que escolher pelo meu pai ou por minha mãe. Meu amor por eles não poderia ser posto a escolha daquela forma.

Acho que como a maioria das pessoas, eu odiava a escola. Era uma prisão para mim, o que me salvava era meus amigos. Em 2019, a escola virou um paraíso no qual eu não queria faltar de jeito nenhum, só para não precisar ficar em casa. Havia dias que eu desejava dormir na escola para não voltar. Ficamos assim até o ano novo, que diga-se de agem, foi um desastre. Meu pai bebeu demais e ficou muito inconveniente, nunca havia feito isso em minha frente. Jogou cerveja em todos, cuspiu cerveja em mim e em minha irmã, quando isto aconteceu, corri para tomar banho, odiava o cheiro da cerveja. Neste meio tempo, ele vomitou na sala e se sujou todo. Correram para o banheiro e eu precisei sair de lá na hora. Apenas de toalha, na frente da família e amigos da família. Me senti super envergonhada e nem voltei mais para a sala. Entrei no quarto e lá fiquei até todos irem embora e meus pais e irmãos dormirem.

Quando saí, dei de cara com minha mãe ando pano na casa, com uma cara furiosa e olhos vermelhos de choro. Ela estava muito envergonhada pelo que havia acontecido e o cheiro do vômito embrulhava o estômago. Foi gasto quase o vidro completo de casa e perfume de lavanda. Esse cheiro me traz um certo arrepio até hoje. Abril de 2020 foi declarada oficialmente a separação, mas ele continuou na casa até conseguir uma quitinete, isto aconteceu em março.

No mesmo dia que ele saiu, minha mãe foi chamada para trabalhar em uma farmácia na esquina de nossa antiga casa. Fiquei pensando por um tempo: minha mãe não terminou os estudos, porque teve que trabalhar, ficou grávida de mim e esteve a mais de 18 anos vivendo presa dentro de casa apenas cuidando de filhos. Meu pai era caminhoneiro, viajava para longe, às vezes ficava 2 meses fora de casa, e eu via o sofrimento dela. Durante este tempo, meu pai conseguia um bom dinheiro, transferir o dinheiro não era tão simples como agora, não tínhamos internet, faltava as coisas em casa e às vezes recebíamos uma cesta básica de meus tios ou até mesmo de minha dinda. Ele havia cansado de viagens longas, decidi que eu iria morar com meu pai na quitinete. Dar a liberdade que minha mãe nunca teve de aproveitar a vida.

Não vou mentir, eu fiquei muito feliz quando vi não ser mais a grande prioridade de gastos de minha mãe. Ver ela cuidando do cabelo, com roupas novas, maquiagens novas me fez sentir um quentinho no peito. Meus irmãos decidiram ir comigo, conversei com meu pai e acabei por dizer: já ou muito tempo longe de nós, deixando tudo por conta da mãe. Queremos ar este tempo com você.

Ele ficou tão feliz. Sinceramente, o tempo que amos naquela quitinete apertada, conseguiu ser um dos melhores tempos de minha vida, mas que depois, pesou na consciência. Meu pai não queria mostrar, porém a separação mexeu muito com ele. Jogou tudo em trabalho e acabei por virar mãe dos meus irmãos dentro da casa. Eles me ajudavam, mas eu não queria que eles assem pelo mesmo que eu, de tomar responsabilidades cedo. Então para algumas coisas eu pedia ajuda, outras eu não fazia questão que eles fizessem, comida era uma delas. Nós 4 morávamos em uma quitinete que tinha o tamanho dos dois quartos que tínhamos na casa anterior. Foi uma adaptação muito grande que tivemos de ar. Havia uma cama de solteiro, duas pessoas dormiam lá. Geralmente era meu pai e minha irmã, mesmo que ele fizesse questão que eu fosse dormir com ela. Apenas não ia, porque sabia que ele iria trabalhar, geralmente saia de casa 03:30, se ficasse no chão não descansaria bem e acordaria quebrado. Minha irmã fazia companhia para ele, ficava segurando o celular para ambos assistirem a netflix, kkkj, juro, cansei de ouvir sobre La Casa de Papel.

Quando dava o horário, ele se arrumava e ia me acordar, para que eu subisse na cama para dormir lá, dava um beijo em todos e ia trabalhar. Voltava na hora do almoço, comia, tirava um cochilo de 1 hora, ia trabalhar e retornava para casa às 21:00 para jantar e dormir. Mesmo com o horário apertado, sono, tristeza e estresse ele era muito brincalhão.

Houve um dia que ele me acordou, pensei que seria no mesmo horário para a mesma rotina, mas não. Ele me acordou eram 08:00, perguntou se eu queria sair, queria conversar. Ver minha mãe chorando doía, mas via com frequência. Eu não via meu pai chorando, quando fez na minha frente, eu desmoronei. Morávamos em um bairro muito, mas muito simples se comparado ao que vivíamos quando estávamos com minha mãe. Não tinha nada por perto além de 1 posto, 1 mercado, 1 creche e 1 bar. Sem contar que morávamos atrás de uma pizzaria, na realidade, a pizzaria era dentro da garagem, tínhamos uma porta que dava direto para o balcão deles. Nossa pizza chegava rápido, comíamos em casa, era gostosa, barata e chegava pelando junto de uma coca geladinha. Isso foi inúmeras vezes nossa refeição noturna porque eu ficava indisposta a fazer janta. Não, não esquentava o almoço porque fazia contado, última coisa que queríamos era desperdício, não éramos tão bem de vida como aparentava pelas pizzas.

Auxílio Brasil nos ajudou por 3 meses. O mercado por ser único no bairro enfiava a faca com os preços, juntamente pelo fator pandemia. Porém, não podíamos reclamar! Se bem que, meu pai havia se inscrito em um sorteio, chegou em casa dizendo que nunca ganhava nada, mas não custava tentar. Não deu 5 minutos e ligaram para ele, dizendo que o mesmo tinha ganho uma cafeteira. Imagine um homem feliz carregando a cafeteira, minha gente. Até me enjoei do cheiro do café, Jesus.

O trabalho dentro da cidade apertou. Foi mandado embora do serviço.

Outubro de 2020, meu pai começou a trabalhar para uma pessoa que nunca aparecia, nunca mostrava a cara, só ouvíamos a voz. Porém, havia 1 pessoa que entrou como um...vice chefe? Bem, ele foi em nossa casa conversar com meu pai e ele pediu para que fôssemos comprar coisas para tomar café. Tudo beleza. Quando voltamos, meu pai falou comigo, disse que esse rapaz contratou ele e que o pagamento de um serviço era mais do que ele conseguia em 1 mês com o caminhão. Achei estranho, mas meu pai estava exalando muita confiança neste homem. Ele começou a nos receber na casa dele, fazia almoços, até nos prometeu um videogame, mas eu nem me esbafori, não tínhamos nem televisão e meu celular nessa altura estava dando problemas já.

Ele ficou 2 dias fora e voltou com 5 mil reais em cédulas. Nunca tinha visto tanto dinheiro pessoalmente, novamente achei estranho, mas comecei a chorar, porque ele pronunciou a frase que mexeu muito comigo por muito tempo: nossa vida vai melhorar, vocês vão finalmente ter a vida que merecem e ganhar os presentes que eu nunca pude dar.

Ele separou um dinheiro e fomos comprar roupas, queria mostrar mais uma coisa e queria que estivéssemos arrumados para darmos uma volta. Quando saímos para comprar as roupas em uma loja ali perto, havia um Audi preto, perfeito parado na frente da casa. Disse que era do chefe dele e que havia sido emprestado para ear conosco. Aquela foi a melhor semana da minha vida. Porém, com dinheiro que não prestava. Meu pai foi preso em novembro, e solto depois do Natal somente. Em novembro havíamos voltado para a casa que morávamos com nossa mãe, ela saiu para morar em outra quitinete, já estava com meu padrasto e grávida. Porém, ficamos por quase 1 semana sem saber disto, até que saiu em um Jornal de SP e veio parar aqui, no Paraná. Fomos morar com minha mãe, afinal, meus avós venderam a casa que estávamos para pagar a fiança. Durante todo o tempo com meu pai, servi como uma melhor amiga, ouvindo e aconselhando ele a todo momento. Depois de solto, tivemos o acordo de que iríamos ar as festas com ele em Santa Catarina.

Agora, focando na parte de minha mãe, na qual moro com ela desde o dia 18 de novembro de 2020, muitas ligações e brigas, porque desde o término, meu pai a acusava de uma traição, com o melhor amigo dele. Ela, me contava que gostava mesmo deste amigo dele, mas nunca o traiu. Até se segurou muito, havia pedido a separação muito antes, mas meu pai nunca quis aceitar isto, mesmo assim não se relacionava com ninguém.

Em junho ela havia conhecido um homem, namoraram, e ela engravidou novamente. Ele havia dito que não podia ter filhos, ela acreditou e ali estavam, carregando a pessoa que ou a ser meu mundo. Meu novo irmãozinho.

Lá mais uma vez, estava sendo ouvinte e conselheira de minha mãe. Tendo que ouvir ela falar horrores de meu pai, coisas muito pesadas que eu chorei por noites apenas de imaginar alguns dos feitos. Sem contar que meu padrasto é inável, sem noção e muito preconceituoso. Cogitei ir morar com meu pai no ano de 2021, mas o neném nasceu e eu me apeguei. Me apeguei nessa preciosidade que me segura até hoje nessa casa. Minha irmã, muito pelo contrário, na primeira chance já se mudou para lá, porém, antes do neném nascer.

Meu irmãozinho logo completará 2 anos, e minha irmã só o viu pessoalmente 2 vezes. Eu não me imaginaria conseguindo fazer isso depois de me apegar. Fotos e vídeos não suprem a falta que ele faz.

Minha vida seria muito melhor no estado vizinho. Tinha faculdade encaminhada e trabalho arranjado, isso me martelava a cabeça e fraca emocionalmente eu me trancava no quarto para chorar e depois fingir que nada aconteceu, porque queria que minha mãe me visse forte para ajuda-la e ouvi-la.

Essa separação impediu meu pai de ver minha formatura, ar festividades de fim de ano com minha mãe, meu pai participar de nossos aniversários e impediu a vontade do meu pai de me dar a festa de 18 anos que eu havia sonhado. Sem contar a vontade de ter aqueles churrascos de domingo com minha família completa, pois todos aram a odiar minha mãe, até mesmo a família dela.

𐂲ㅤ meu refúgioㅤㅤⳆⳇ͜ ㅤtꛃi𝘀tㅤ ꩗ㅤㅤꕀ :bomb:

Retornando ao tempo da quitinete, eu resolvi finalmente fazer parte de uma equipe oficial em outra comunidade. Lá, eu cresci e virei curador sup, ás vezes até fazia turnos extras porque não queria ficar pensando nas bobagens que aconteciam em casa. Então eu turnava das 20h até às 02h. Isso fez piorar ainda mais minha vista, afinal, eu já tinha grandes dificuldades. Via coisas horríveis no feed durante os turnos, porque os membros pensavam que nós já tínhamos ido dormir. Sem contar que muitas vezes era eu que tinha que ir ocultar e mandar o membro para lista de banimento porque os outros tinham estômago fraco sobre um tópico que eu prefiro não comentar. Como curador, dentro daquela comunidade, vi muito favoritismo na staff e coisas que deixavam nos bastidores, isso não me era legal, após um acontecimento eu fui banida da comunidade, depois de 4 anos lá.

Lembrei que eu tinha entrado aqui no A-BR também. Então decidi entrar em times não oficiais. 2 anos em atividade aqui. ei pela FTW, MKS, INU, virei líder da TEG e RIC, também entrei em 1 oficial sendo ela a CDC e entrei como trainee da Yeon-in.

Não sei como e porque decidi maquiar minhas emoções fazendo blogs, mandando mensagens em murais, dirigindo equipe, pensei que me distrair faria as coisas melhorarem, mas comecei a estudar novamente, tudo pesou em mim como se estivesse carregando 1 tonelada nas costas. Sem contar que eu ei a ter bloqueios criativos e me sentir insuficiente nos conteúdos que postava. Decidi por sair da comunidade em junho do ano ado. Isso me libertou de uma forma que eu não lembrava qual era a sensação. Voltei a focar em uma coisa que eu amava: jogar. Ainda faço parte de guilda comprometida, a mesma desde março de 2022.

𐂲ㅤ finalㅤㅤⳆⳇ͜ ㅤlōc𝗸ㅤ ꩗ㅤㅤꕀ :bomb:

Bem, UPM significa "Um Pedaço de Mim", mas eu trouxe mais de uma parte. Acho que esse foi meu maior desabafo. Peço desculpas a quem leu, foi mais do que eu queria escrever, as coisas apenas surgiram e essas foram as piores e melhores fases de minha vida.

E aqui finalizo as várias partes de mim. ~

aesth