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- Tick... Tack... - O barulho dos ponteiros do relógio movimentam-se sem parar. Mas ao contrário das outras vezes, não era o coelho que estava atrasado.

- Estou atrasada, estou atrasada! Com licença, Sras. Flores e Sr. Absolem. Oh, céus. – Falou, enquanto corria o máximo que suas pernas diminutas conseguiam. Mas, o fôlego aparentemente parecia estar em vantagem em detrimento a corrida desenfreada.

O mais engraçado de todo esse enredo, é que o protagonista dessa fala, não era um coelho trajando elegantemente um belo smoking com o seu inseparável relógio dourado em mãos. Não mesmo, quem estava apressada era a jovem Alice Liddel que acreditava veementemente que estava atrasada para o seu compromisso. Por onde ela ava, as criaturas da floresta a observavam como se estivessem vendo uma miragem ou achassem que finalmente mais um "parafuso" havia caído da sua cabeça.

- A menina Alice, finalmente ficou maluquinha! – É o que as Sras. Flores diziam entre si.

- Dessa vez ela não está perdida, ou estáໃ Eis a questão. – Divagou Absolem, a lagarta.

O frescor da primavera se iniciava no "País das Maravilhas" e essa era a causa principal para toda essa agitação. Em sua tola concepção, todos deveriam estar na mesa desfrutando do belo aroma dos chás e do saboroso gosto das rosquinhas de chocolate.

- Hummm... Os chás produzidos pelo Sr. Lebre, são os melhores. - Pensou.

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Entretanto, quando finalmente chegou ao seu destino, encontrou a mesa em total desatino. Estava completamente organizada! Algo não estava certo ou habitual. Onde estava a total desordem constituída pelas xícaras quebradas, variados alimentos expostos na mesa e a sujeira colorida inerente aos restos de comida?

- Alice! A danadinha da Lebre viajou para buscar mais delícias para incrementar as nossas tardes e disse que ninguém poderia mexer na mesa até que voltasse, por isso, ele arrumou tudo. Inclusive, ou o dia anterior colando as alças quebradas das xícaras e grudando as rosquinhas com chiclete debaixo da mesa. – Explicou o Chapeleiro Maluco, enquanto saia debaixo da mesa, obstinado na tarefa de limpar os restos de biscoitos que insistiam em continuar no seu chapéu.

- Ele escondeu até as comidasໃ – Perguntou-lhe, mais para si mesma do que para o interlocutor em completa indignação.

- Ele alegou que sem chá, sem comida e sem ele, não haveria nenhum dos dois. – Respondeu-lhe. – Aliás, porque estava tão apressadaໃ Ouvi os sons do “toc toc” dos seus sapatinhos.

- Fiquei com medo de perder o horário da nossa reunião. Estava tão atrasada quanto o Sr. Coelho. - Confessou os seus anseios.

- O Sr. Coelho nunca se atrasa, Alice.

- Creio que a percepção de tempo no "País das Maravilhas" seja diferente! Ora, vejo as horas arem, ora regredirem. Querido Chapeleiro, devo estar ficando louca.

- A loucura é subjetiva. Sua loucura pode ser a genialidade do próximo século ou a piada dos seguintes.

- Prefiro acreditar na loucura oculta pela genialidade exacerbada do que servir de risadas! O mundo de onde venho é repleto de animais falantes e seus pensamentos retrógrados. Ainda sim, sinto que pertenço a esse lugar e essa constatação é a mais estranha de todo esse enredo.

- A loucura é a genialidade dos que não se encaixam na naturalidade.

As pessoas desejam constantemente que cada hora seja equivalente a dias para que possam realizar diversas atividades de uma só vez.

A concepção é de que 24 horas não é o bastante.

Enquanto ela, era considerada como a “inconstante” e “sonhadora” Alice, somente por a os dias esperando a escuridão misteriosa da noite. Os braços de Morfeu são acolhedores, pois somente com a vossa presença que conseguia viajar para o país dela!

Ledo engano! Ela poderia ser a salvadora dele, mas não a dona. O ressonar tranquilo é a canção que lhe leva ao "looping" de encontrar o coelho branco, cair no buraco que divide os dois mundos, aumentar e diminuir de tamanho. Essa é a única forma viável para encontrá-los, no lugar onde existe o sinônimo de loucura na sensatez e a tênue linha do certo estando errado.

- Oh, Alice... O que tanto estais a pensarໃ Irás ficar com a "cachola" confusa. - Indagou, o Chapeleiro.

- Estava a divagar sobre o tempo. As pessoas querem relativamente ficarem acordadas mais tempo para fazerem mais atividades e nem sempre esse "tempo" é para fazer coisas legais.

- Então, não seja essas "pessoas". Seja você. - Comentou, enquanto arrumava o seu chapéu pomposo.

- Nada é tão simples como aqui. Mas se elas viessem para cá, não teriam essa visão. Ficariam completamente ensandecidas.

- Oras, Alice! Esse mundo não pode ser visitado por tolos.

- Não mesmo! - Riu.

- A percepção de tempo é relativa, minha cara. Tanto que você teve contato com o Sr. do Tempo e entendeu quais são os seus desígnios.

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Trim... Trim...

O som persistente ressoou pelo quarto e o barulho vindo do despertador ao lado da cômoda de mogno, era o aviso do término de mais um sonho ou seria uma lembrança? Alice espreguiçou-se na cama, recordando todo o diálogo com o Chapeleiro Maluco e um sorriso inundou os seus lábios.

Nem parecia que os anos haviam se ado, porque ela nunca deixaria o lugar onde o seu coração fez morada.

ꪻꫝ꧖ Eꪀ᧚ໃ

♡⃕Cᥲթᥲ⇠ Lilith